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Círculo dos sonhos: prática inovadora de gestão

por Mauricio Goldstein*

Sonhos compartilhados não podem ser inventados, mas podem ser… compartilhados. Ou seja, se todo negócio nasce de um sonho (muitas vezes individual, no início), a sua transformação em realidade dificilmente se dará apenas pelo esforço daquele que teve um sonho. Paulo Freire, o renomado educador brasileiro, dizia que para o desenvolvimento de uma ideia ou causa, é preciso que o líder morra como líder e renasça como seguidor, assim o projeto ressuscitará nas mãos dos seguidores, que se tornarão líderes engajados.

Portanto chamar outras pessoas para sonhar junto com o sonhador original é uma tarefa essencial para transpor a nuvem dourada que separa o mundo onírico da nossa realidade feita de tijolos, cidades, computador, pessoas, trabalho e dinheiro.

Como fazer isso?

Há várias técnicas para promover essa união de interesses e objetivos. Pessoalmente, considero bastante eficiente a técnica do Dragon Dreaming, criada pelo australiano John Croft com base nas práticas dos aborígenes de seu país, que tem um índice de sucesso de quase 100% com mais de 600 projetos complexos implementados com êxito.

100% dos sonhos atendidos
Vamos apresentar apenas um dos exercícios desta metodologia, chamado “Círculo dos Sonhos”. Trata-se de uma maneira de trocar ideias e visões como o primeiro passo a ser dado para iniciar uma empresa ou uma iniciativa na qual ter um sonho compartilhado é o ponto fundamental. Todos que participam do projeto devem ter 100% de seus sonhos atendidos; unicamente desta forma, o sonho será de todos.

Quando são convidadas as primeiras pessoas para o “Círculo”, a ideia inicial – o primeiro sonho sonhado – já está lançada. O círculo tem a função, portanto, de dar início à busca de concepções comuns, caminhos que poderão ser compartilhados, levantar semelhanças e compatibilidades de objetivos e, naturalmente, entusiasmar os participantes a se engajar no projeto proposto de forma que este se torne também seu.

É de grande importância que os participantes, nesse contato inicial, se sintam incluídos e à vontade para expressar suas ideias e externar dúvidas.

Expressar seus pensamentos
Todos têm o direito e, de novo, devem ser incentivados, a expressar seus pensamentos. Croft afirma que em um Círculo de Criação é importante que ninguém possa negar, refutar, ou discordar do que foi dito por algum participante. Essa recomendação é colocada porque, explica Croft, “não há ninguém que entenda o ponto de vista pessoal melhor do que a própria pessoa que o está compartilhando, só esta pessoa é especialista em ser ela mesma e em compreender as suas singularidades pessoais”.

Este é o momento em que as necessidades individuais devem aflorar para que se consiga compatibilizar essas singularidades a um projeto comum. Eventuais discordâncias e tentativas de convencer sobre um determinado ponto de vista são tarefas posteriores.

O poder desta abordagem reside no fato de que todos se sentem escutados e, geralmente, é possível construir o sonho de forma que todos nele se sintam reconhecidos e portanto auto-motivados a dar o seu melhor. Afinal, este é também o seu sonho!

*Mauricio Goldstein é sócio-fundador e consultor da Corall, uma consultoria focada na transformação das organizações para uma nova economia. Ele é autor do livro “Novas organizações para uma nova economia” e co-autor de “Jogos Políticos nas Empresas”.