por Fefa Costa
fotos: divulgação e por Daniel Sorrentino
Onze dias. É o tempo para transformar uma agitada metrópole brasileira em ponto de encontro da classe teatral do País, quando a capital paranaense se transforma no cenário para 430 espetáculos e mais de 30 grupos brasileiros e internacionais. O Festival de Teatro de Curitiba ganhou fama e renome para quem é fã, amador ou profissional do tablado. Em sua 23ª edição, o evento, que termina no próximo domingo, dia 6, ocupa 65 espaços, entre ruas, calçadões, parques e praças, além dos principais teatros da cidade, promovendo artes cênicas e entretenimento.
Por trás das cortinas, os números são ainda maiores. Além de movimentar o turismo e comércio local, o festival gera um volume importante de empregos – mais de 500 diretos e 1000 indiretos. Incluindo a Fringe. Na Fringe, “franja” ou “margem” em inglês, a participação é livre, sem curadoria e os espetáculos dependem unicamente da disponibilidade de espaço. Companhias vão a Curitiba por iniciativa própria para mostrar seu trabalho em palcos e em espaços públicos.
Todo esse movimento envolve 216 cenógrafos e construtores, 65 maquinistas, 15 camareiras, 12 motoristas, 60 técnicos de luz, 40 técnicos de som, 68 produtores, 22 fotógrafos e 30 montadores. Além da mão de obra não especializada. Uma máquina de sonhos que garante que produzir teatro vale a pena.
Intercâmbio de ideias e conceitos
Max Leean é o diretor de produção do festival pelo sexto ano, trabalhando desde 1998 na produção. “Cada edição o festival cresce número de peças, grupos e eventos paralelos.” Ele destaca a importância do evento não apenas para quem vive de arte. “Gostaria que fosse festival o ano todo, para despertar o interesse do público geral. Nesta semana há um boom da comunidade em participar e frequentar o teatro.”
Eventos como este promovem, principalmente, o intercâmbio de idéias e conceitos. E colocam na ativa profissionais que, muitas vezes, não encontram no meio teatral colocação que não seja temporária. Leean diz que, em função dos avanços tecnológicos, a mão de obra está cada vez mais especializada. Cita como exemplo o uso recorrente de videocenários, com projeções mapeadas. “Não existe uma politica que mantenha esses profissionais exclusivamente trabalhando em teatro. O trabalho muitas vezes é esporádico.”
Viver de Teatro
Mario Bortolotto é um cara de teatro. Atuante desde os 16 anos, vive por sua paixão. “Vivo de teatro, essa foi minha escolha. Vivo mal, mas gosto do que faço”, comenta. A inconstância do segmento pede aos profissionais uma dedicação quase insistente.
“Quando rola um trabalho grande, garanto meses. Mas, a rotina é ralar muito para fazer uma peça acontecer.” Outro aprendizado para quem quer trabalhar e dedicar-se ao teatro é disposição para aprender. Bortolotto sabe fazer de tudo, cresceu no teatro e aprendeu muito na observação e se lançando a prática.
“Tem que aprender de tudo, fazer tudo. Sem apego. Você pode se especializar. Mas tem que saber improvisar. Não adianta nada ser bom apenas na iluminação e não saber mexer com outras coisas.” Ele está com seu grupo no festival pela terceira vez. Apresentam na Fringe a montagem “Whisky e Hamburger”, onde ele dirigi e atua ao lado de Patrícia Vilela, com assistência de direção e som de Guilherme Junqueira e iluminação de Walter Figueiredo. “Curto levar as peças a lugares novos, para outros públicos e ver o que grupos de outros lugares estão produzindo. Esse é o lance desses festivais.”