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Holocracia: como é trabalhar em uma empresa sem chefes

Entenda o conceito e descubra vantagens e desvantagens desse modelo de organização

Equipe trabalha em projeto

Holocracia é um termo que vem ganhando destaque nas empresas, especialmente nas mais modernas, que estão abrindo mão da gestão tradicional em que há chefes e subordinados. 

A ideia também agrada profissionais de todos os níveis: 9 em cada 10 pessoas trabalhariam sem chefes no Brasil. O dado é resultado da enquete Retrato dos Chefes no Brasil, realizada pela VAGAS com participação de mais de 11 mil pessoas. 

Se você gostou da ideia mas ainda não está familiarizado com o conceito, continue a leitura que vamos explicar tudo. 

O que é holocracia?

Holocracia é uma nova forma de estruturar e organizar uma empresa que substitui a tradicional hierarquia, em que os analistas respondem aos coordenadores, que respondem aos gerentes, que respondem à diretoria, que responde ao presidente, que é a pessoa mais poderosa de todas. 

Na holocracia, a administração não funciona no modelo top-down, em que as decisões são tomadas pelos níveis mais altos, ou seja, a presidência e a diretoria, enquanto os níveis mais baixos apenas executam o que foi decidido.

Em vez disso, o poder de decisão é distribuído por todas as pessoas da equipe, de forma compartilhada e seguindo determinadas regras claras e transparentes para todos. 

Como funciona a holocracia?

A holocracia funciona por meio de transparência e autogerenciamento. Cada pessoa passa a fazer de fato parte do todo – inclusive no processo de tomada de decisão – e trabalha para atingir o objetivo final da empresa. Veja a seguir os principais pontos do funcionamento desse modelo de gestão. 

Diretrizes claras da empresa

Empresas holacráticas precisam ter regras claras para que as pessoas saibam como devem agir. Essas regras não determinam como as pessoas devem realizar suas tarefas, mas como as equipes devem se organizar e trabalhar. Ou seja, como devem identificar e atribuir funções, que limites as funções devem ter e como os times precisam interagir.

Organização da estrutura geral

Na prática, empresas que se organizam por meio da holocracia não definem cargos fixos para seus profissionais. Cada pessoa assume um papel de acordo com seu trabalho e também de acordo com o momento. 

Isso significa que os profissionais podem assumir funções diferentes em diferentes equipes, dependendo da necessidade diária da empresa. 

Além disso, as decisões são tomadas pelas equipes, que têm autonomia para decidir. Como dissemos, na holocracia, as decisões não vêm “de cima para baixo” porque não há a figura do “gerente” ou do “diretor” que toma a decisão por todos. 

Autonomia, flexibilidade e acompanhamento de entregas

Neste modelo, todos têm autonomia para trabalhar, sem que a figura do “chefe” como supervisor seja necessária. Cada pessoa é responsável por si e todos são responsáveis por todos. 

As pessoas também têm flexibilidade para assumir a posição que for necessária em cada momento. A mesma pessoa que lidera um projeto de marketing pode ser consultada para um assunto de TI e participar da reunião de gestão de pessoas. 

Como não há chefes, a empresa deve ter algum processo para acompanhar periodicamente as entregas do time. Dessa forma, são identificados e ajustados gaps de competências ou de remuneração, por exemplo. 

Desenvolvimento dos profissionais

Trabalhar em uma empresa holocrática é uma excelente oportunidade para se desenvolver profissionalmente. Como não há uma hierarquia pré-estabelecida, o profissional é sempre confrontado com a necessidade de opinar e tomar decisões rápidas. 

As pessoas que trabalham dessa forma também precisam desenvolver autonomia e senso de responsabilidade.

O trabalho realizado em times também ajuda a desenvolver capacidade de trabalhar em equipe, capacidade de lidar com conflitos, liderança, e criatividade. 

Empresas que utilizam holocracia

Confira a seguir alguns exemplos de empresa que já implementaram a holocracia pelo mundo. 

Crisp

A consultoria de software sueca Crisp implementou holocracia em 2014, depois de tentar vários modelos de gestão, inclusive a tradicional, que tem o CEO como todo poderoso. 

Segundo a BBC News, para tomar decisões que afetam toda a empresa, como uma mudança de escritório, por exemplo, são realizados encontros com todos os funcionários duas ou três vezes por ano. Para escolhas mais corriqueiras, todos são incentivados a tomar decisões por conta própria. 

Há também o conselho, que é uma exigência legal, que pode ser usado para resolver problemas quando algo não está funcionando. 

 Zappos

A Zappos, varejista online de calçados e roupas com sede em Las Vegas, é outro exemplo. No seu próprio site a empresa explica o que entende por holocracia e por que adotou o modelo desde janeiro de 2014. “A Zappos ainda utiliza holocracia e atualmente não temos planos de mudar isso”, afirma. 

Meses antes de implementar o modelo, a empresa ofereceu pacotes de demissão a todos os funcionários que não queriam trabalhar com autogestão ou que quisessem deixar o emprego por qualquer outro motivo. Embora a maioria tenha decidido ficar, 18% aceitaram o pacote, com 6% citando holocracia.

Vantagens e desvantagens de trabalhar em uma empresa sem chefes

Trabalhar sem chefes pode parecer o melhor dos mundos, mas, como todo modelo de gestão, tem suas vantagens e desvantagens. Confira as principais delas. 

Vantagens de trabalhar sem chefes:

  • Você tem autonomia para controlar seus horários;
  • Você pode participar das decisões;
  • O chefe não está ali para controlar suas entregas e seu desempenho;
  • Você pode trabalhar em diversas áreas ao mesmo tempo;
  • Você pode assumir diversos papéis na mesma empresa;
  • Você aprende o tempo todo, de tudo um pouco. 

Desvantagens de trabalhar sem chefes:

  • Todos podem controlar os seus horários;
  • Você tem responsabilidade pelas decisões tomadas;
  • Você precisa acompanhar tudo o que acontece na empresa para opinar e participar;
  • Todos controlam as suas entregas e seu desempenho e decidem se você merece (ou não) um aumento de salário;
  • Você não pode se acomodar e não tem uma zona de conforto “fixa”.

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