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Juniorização: diretorias estão cada vez mais jovens

É comum encontrar pessoas com menos de 30 anos em cargos estratégicos

por Marcia Rodrigues
foto por Ailton de Oliveira

As diretorias das empresas estão cada vez mais jovens, segundo especialistas. Fenômeno ganhou até nome: juniorização. “De cinco anos para cá, a evolução tecnológica e o mito de que as pessoas mais novas têm mais capacidade para gerenciá-las ou desenvolver novas plataformas vêm fazendo com que as companhias busquem esses profissionais para cargos estratégicos”, diz Sirley de Carvalho, diretora de relações com associados da ABRH-Nacional (Associação Brasileira de Recursos Humanos).

O administrador de empresas Marcelo Gonçalves Laje  (foto abaixo), de 37 anos, conquistou cedo um cargo na diretoria. Ele é diretor de operações da EY, a antiga Ernst & Young desde os 29, quando assumiu a posição. Para Laje, o que motivou sua ascensão rápida foi o plano de carreira da empresa, que permite promoções anuais. Outro fator importante, segundo ele, foi a sua formação acadêmica e a fluência nos idiomas inglês e espanhol.

administrador de empresas Marcelo Gonçalves Laje

Crescimento dentro da empresa
“Hoje muita gente fala essas línguas, mas há uns 10 anos quase ninguém tinha conhecimento. Com isso, toda vez que precisava receber um estrangeiro eu era chamado. O que contribuiu para o meu crescimento na empresa.” O executivo afirma que a maior dificuldade que teve quando assumiu um cargo foi o fato de a tomada de decisão estar concentrada em suas mãos. “Até então, eu estava acostumado a fazer a análise e emitir a recomendação do que fazer.”

Na opinião de Sirley, da ABRH-Nacional, a “juniorização” das diretorias não tem sido positiva para as empresas.  “A maioria dos jovens acha que sabe tudo e não gosta de se submeter a hierarquias”, afirma. A especialista conta que esses diretores são mais inquietos e não gostam de ficar muito tempo em uma empresa.

“Se eles não recebem promoção rapidamente, acham que o trabalho está monótono. E, ao ficar trocando de empresa, acabam desacreditando que alguma organização possa ser interessante.” Ela diz que há um ano e meio os diretores mais novos vêm procurando as consultorias para buscar outra opção de emprego. “Nós recomendamos um trabalho com coaching para criarem um plano de carreira consistente.”

A falta de profissionais qualificados também vem fazendo com que a empresas busquem profissionais cada vez mais jovens, segundo Sirley. “Mas as empresas não podem esquecer que eles precisam de maturidade. E, para se sentirem bem, precisam ser acompanhado por um mentor. Apesar de toda a qualificação, esses jovens não podem menosprezar a sabedoria dos profissionais mais experientes e devem aprender com eles.”