por Eliane Ortiz*
O que é PCD?
PCD é a sigla para Pessoa com Deficiência, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) que define deficiência como qualquer restrição ou falta (resultante de lesão, defeito de nascença ou doença) de capacidade de realizar uma atividade da maneira ou dentro da faixa considerada normal para um ser humano, sendo protegido por lei.
Após a implementação da Lei de Cotas (Lei 8.312/91), as empresas com mais de 100 funcionários vivem intensamente o desafio de incluir entre seus colaboradores pessoas com deficiência (PCDs). Conheço bem de perto esta realidade, pois trabalho com isso já há bastante tempo.
Mas não basta querer contratar, pois muitas vezes a falta de conhecimento sobre o tema e o despreparo, tanto da empresa quanto do trabalhador com deficiência, faz com que esta relação seja desgastante e infrutífera para ambos. Ocorre que as pessoas com deficiência ficaram afastadas do convívio social durante muitos anos, seja por vergonha, por medo ou por falta de condições econômicas e sociais. Portanto, essas dificuldades são resultado do histórico de exclusão e vulnerabilidade vivenciado por este grupo e não são fáceis de ser superadas.
É comum em minhas palestras surgirem questionamentos sobre qual a nomenclatura correta para se dirigir ao “deficiente”: são “pessoas com deficiência”? “Portadores de deficiência?” “Deficientes?” E ainda: chamar alguém de “cego ou surdo”, é ofensivo? E “surdo-mudo”?
Direitos e cidadania
Durante todos esses anos de lutas por direitos e cidadania, vários termos foram usados para se referir à deficiência. Então, para uniformizar esta terminologia usamos “pessoa com deficiência”. Notem que o termo “pessoa” vem antes da deficiência e é o que define de quem estamos falando. Assim, podemos falar de uma pessoa que, dentre várias características, tem uma deficiência visual, auditiva, física ou intelectual (este também é o termo correto e não mental).
E mais: chamar uma pessoa com deficiência visual de cego não é politicamente incorreto. Chamar alguém de surdo também não é ofensivo. Agora, “surdo-mudo” nem pensar! Até porque os surdos não falam não porque são mudos, mas sim porque não aprenderam a falar, mas são capazes de emitir sons como qualquer um.
Então, falamos em primeiro lugar de “pessoas” e não de deficiências. O grande desafio é lhes oferecer as mesmas condições de aprendizado e melhores oportunidades de emprego, criando condições que favoreçam seu desenvolvimento, bem como sua plena participação na sociedade.
Processo de inclusão
Porém, o baixo nível de escolaridade de grande parte desta população representa um entrave no processo de inclusão, principalmente no tocante ao ingresso no mercado de trabalho. A educação é, portanto, um dos fatores chave para a inclusão.
Entre as maiores dificuldades relatadas pelas empresas em cumprir a legislação vigente está em encontrar pessoas com o perfil profissional desejado e que preencham os pré-requisitos exigidos pelo cargo. Mas, se considerarmos a dura realidade da educação do País para pessoas sem deficiência, podemos imaginar a dificuldade em encontrar pessoas com deficiência que tenham percorrido sua vida escolar sem muitos percalços.
É por isso que vemos por aí tantos cursos de capacitação para pessoas com deficiência. Porém, é preciso cuidar não só da absorção de conteúdo formal, mas também investir na formação do indivíduo como um todo.
Falar em inclusão é falar de mudanças, de repensar concepções e abrir novos horizontes. A inclusão se faz na diversidade e, nesta perspectiva, precisamos nos deslocar de nossos lugares, representações e identidades sociais, direcionando nossas ações para caminhos que apontem novas possibilidades.
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*diretora da Equiparar, empresa que atua como agente facilitador do processo de inclusão das pessoas com deficiência