por Thayane Fernandes*
Qual é o perfil do profissional do futuro? Quais características e habilidades ele deve ter? Essas são as dúvidas de quem está entrando no mercado de trabalho, ou dos trabalhadores que precisam se reinventar em um mundo totalmente mutável, como o que vivemos hoje. Além disso, muitos fatores externos influenciam as próximas tendências do mercado de trabalho.
Era do Conhecimento, Era da Colaboração, Era Pós-Digital, 4ª Revolução Industrial… independente do nome dado pelos especialistas, estamos vivendo uma era de mudança com cara de mudança de era. Podemos dizer que hoje os robôs estão para essa nova era assim como as máquinas estavam para a Revolução Industrial, afinal, em ambos os casos o que predomina é a substituição de profissionais com funções repetitivas e parametrizáveis por máquinas e robôs inteligentes.
A boa notícia é que o cenário não é tão ruim quanto parece. Assim como as máquinas criaram novos empregos que não existiam na época da Revolução Industrial, os robôs também criarão. É o que prevê o relatório The Future of Jobs divulgado pelo Fórum Econômico Mundial em setembro de 2018. Estima-se que 133 milhões de novos postos de trabalho surgirão e que 75 milhões de empregos serão extintos até 2022 – isso significa que essa (r)evolução deixará um saldo positivo de 58 milhões de novas vagas! 🙂
Mas você sabe de quem serão essas vagas? Serão daqueles profissionais que souberem “surfar a onda” dessa enorme transformação marcada pela convergência de tecnologias digitais, físicas e biológicas.
Para explorar mais o assunto, conversei com o Prof. Júlio Lucchi, Coordenador de Pós-Graduação no Instituto Mauá de Tecnologia. Assista a entrevista na íntegra e confira a seguir os principais aprendizados:
Essa live tem o oferecimento do Instituto Mauá de Tecnologia
Neste artigo você verá:
Quais serão as habilidades do profissional do futuro?
O conhecimento em tecnologia (principalmente noções de programação e design) serão habilidades muito demandadas, mas habilidades humanas como criatividade, pensamento crítico, reflexão e capacidade de persuasão também serão necessárias e valorizadas.
Quais profissões serão mais demandadas nesse novo cenário?
Muitas profissões do novo cenário ainda não foram nem criadas, mas funções diretamente ligadas às ditas tecnologias emergentes (Big data e Analytics, I.A., IoT, Indústria 4.0, veículos autônomos) e questões energéticas (otimização energética, fontes renováveis, sustentabilidade, carro elétrico), tendem a crescer.
Engenheiros e cientistas de dados, especialistas em inteligência artificial e aprendizado de máquina, desenvolvedores de software e aplicativos serão cada vez mais requisitados. O mesmo é esperado para funções que necessitam de habilidades interpessoais, como determinadas funções na área de vendas, marketing e atendimento ao cliente. As profissões voltadas para qualidade de vida também estarão em alta, já que as pessoas vão viver mais e cada vez mais vão se preocupar com a qualidade de vida.
Quais profissões podem ser substituídas pelos robôs?
Qualquer trabalho que seja previsível, parametrizável e repetitivo será impactado por essa revolução. Na verdade, muitas mudanças já vêm acontecendo há algum tempo.
Um exemplo que o Prof. Júlio Lucchi trouxe é na área de formação dele, engenharia eletrônica. “Hoje utilizamos softwares de simulação para projetar circuitos extremamente complexos, que no passado seriam impensáveis ou demandavam equipes com vários engenheiros fazendo milhares de cálculos repetidos. Esses softwares são similares aos atuais robôs, mas a eletrônica obviamente não acabou, está em transformação”, relata.
O que os profissionais devem fazer para sobreviver nesse mercado?
Ter qualificação constante e consistente. É preciso se atualizar, aperfeiçoar as competências adquiridas na graduação. A especialização é o caminho, e é preciso escolher bem o que e onde estudar, não há outra forma.
Quais são as principais barreiras que esses profissionais terão que enfrentar?
Hoje, empresas e escolas estão buscando caminhos para preparar os profissionais que vão atuar nesse novo mundo, um mundo que exige habilidades diferentes das requeridas no passado, onde a maior certeza é a mudança. Há UMA maior barreira, que é não estar preparado ou não ter uma sólida formação nos aspectos fundamentais da área escolhida.
Muitos discursos futuristas acabam nos dando a impressão de que a base profissional não tem mais importância, algo como um médico não precisar mais conhecer anatomia ou um engenheiro não precisar de matemática. Quando se fala em novas habilidades, não estamos descartando a importância de muitas das habilidades que poderíamos chamar de antigas.
Como o Instituto Mauá de Tecnologia está se preparando?
O Prof. Júlio explica que “Com a reformulação dos projetos pedagógicos dos cursos, utilizando a tecnologia para mediar o processo de ensino-aprendizagem e fortalecer os aspectos fundamentais, com o respaldo de sermos uma das mais tradicionais instituições de São Paulo. Nossos docentes têm sólida formação acadêmica e atuação no mercado. Reformulamos completamente nossos laboratórios focando a vivência profissional e multidisciplinar. Temos um novo projeto de pós-graduação que, de fato, permite a educação continuada. Esse projeto visa a formação rápida e eficiente, voltada à necessidade profissional do aluno no curto prazo, lembrando que tudo hoje é volátil, isso tem que ser assim. As instituições de ensino resolveram chamar esse modelo de ‘cursos modulares’ e ele faz muito sentido na pós-graduação”.
Quais são as 3 dicas de ouro para o profissional do futuro?
1) Aprenda a conviver com os robôs
Entenda que eles irão eliminar apenas aqueles empregos repetitivos e sem significado, cujas pessoas realmente não se sentem realizadas profissionalmente, a parte entediante da profissão. Novos empregos irão surgir e o saldo, para que estiver qualificado, será positivo.
2) Desenvolva as novas “habilidades básicas”
Mesmo não atuando na área de tecnologia, estude para ter noções de programação e design, saiba usar as ferramentas de tecnologia importantes na sua área. Também desenvolva seu pensamento crítico, reflexivo, sua capacidade de persuasão, sua criatividade, habilidades que as máquinas não conseguirão alcançar os humanos (pelo menos por enquanto).
3) Continue sempre aprendendo
O mundo é dinâmico e uma competência profissional pode ser perecível. Faça cursos rápidos e focados no tema que você precisa se aprofundar naquele seu momento profissional. Esteja em constante atualização, seja um verdadeiro especialista, não só no papel.
Veja também as vagas de tecnologia que separamos para você.
Cadastre seu currículo no VAGAS.com.br e aproveite inúmeras oportunidades de emprego. Se você já tem um cadastro, atualize-o aqui.
Júlio Lucchi é Engenheiro Eletrônico formado pela Mauá em 1984, mestre e doutor pelo ITA na área de Engenharia Eletrônica e Computação. Atua há trinta anos na área acadêmica como professor e coordenador. Atualmente é o coordenador geral da pós-graduação do Instituto Mauá de tecnologia.
*Thayane Fernandes, autora do post, começou sua carreira como recrutadora e se especializou em Marketing e Mídias Digitais. Ela escreve artigos sobre carreira e trabalhou na VAGAS.com entre 2013-2019.