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O suor do atleta dentro e fora do ginásio

Ginasta brasileira fala da expectativa pelas Olimpíadas do Rio

por Guss de Lucca
fotos por Ricardo Bufolin/CBG

Diferentemente de esportes como futebol, vôlei e basquete, que atraem não apenas mais público pela ampla divulgação, mas também têm facilidade em arrumar patrocinadores, muitas das modalidades disputadas nos Jogos Olímpicos de 2016, que serão realizados no Rio de Janeiro, carecem de atenção e recursos – mesmo no caso de uma classificação prévia do atleta.

Esse é o caso da ginasta Natália Gaudio, que aos 22 anos assegurou sua vaga nas olimpíadas durante o Mundial de Stuttgart de ginástica rítmica – feito até então realizado apenas por Rosane Favilla, que disputou a prova do individual nos Jogos de Los Angeles, em 1984. Mesmo assim o caminho da atleta, segunda brasileira a competir nessa modalidade, não foi fácil.

O dia a dia
Ginasta Natália Gaudio“A vida de atleta já é difícil fisicamente, pois o corpo tem que aguentar bem os treinos diários. E, além disso, existe a preocupação com a questão do patrocínio, pois no Brasil existe muita dificuldade em conseguir apoio”, relata a ginasta capixaba, revelando que bancou do bolso e com ajuda de uma vaquinha o treinamento realizado na Bulgária e a disputa no último mundial.

“Tenho um patrocínio que me salva, mas até conquistar essa vaga para os jogos do Rio tive que pagar tudo”, ressalva a jovem, que trancou a faculdade de direito para dedicar-se 100% aos treinos e viagens. “Pretendo retomar os estudos após as olimpíadas”, planeja.

Como começou
A paixão pela ginástica rítmica começou cedo, aos seis anos, quando Natália pediu a mãe que a deixasse trocar as aulas de balé pela prática do esporte. O motivo, de acordo com ela atleta, era achar a dança muito lenta para alguém tão agitada quando ela.

“Aos oito anos competi no meu primeiro campeonato estadual e fui convidada para participar da seleção capixaba. Minha professora sempre achou que eu tinha talento e meu apoiou”, recorda ela, que aumentou o ritmo dos treinos de dois dias por semana para a prática diária – uma realidade que ela enfrenta até hoje.

“No dia a dia a gente treina cinco horas durante o período da tarde. Já quando estamos nos aproximando da competição aumentamos a carga, passando a treinar duas vezes ao dia, de manhã e de tarde, folgando apenas aos domingos”, explica Natália.

Além do treinamento, a ginasta acredita que é preciso fazer tudo com muita emoção, algo que chega a valer pontos quando demonstrado na competição. “Tem que fazer com todo o seu coração, pois a interpretação da coreografia conta na pontuação. Costumamos dizer que as melhores atletas são as que arrepiam na quadra”.

O esporte hoje
Questionada sobre a expectativa de competir em casa, com amigos e familiares na torcida, a jovem afirma que tudo isso traz mais segurança ao competidor brasileiro, principalmente pelo fato da torcida ser muito calorosa e expressiva. Algo que ela pretende aproveitar não somente na disputa, mas também fora do ginásio.

“A ginástica rítmica não é um esporte como futebol ou vôlei, mas acho que está melhorando, que Atleta Natália Gaudioestamos conquistando nosso espaço. Tenho 16 anos de carreira e agora vejo que estou colhendo os frutos desse tempo de trabalho. Acredito que para as próximas gerações deixaremos um legado – e acho que esses jogos vão divulgar mais o esporte”, revela empolgada.

O recado de Natália é simples: fazer as coisas com amor e divertir-se no processo. “É um esporte gostoso de praticar e muito feminino – você precisa estar sempre maquiada. Acho que quem quiser seguir carreira precisa ter disposição pra treinar e superar os problemas, pois no Brasil qualquer atleta precisa enfrentar dificuldades”.