por Udo Simons
fotos por Ailton de Oliveira
Intraempreendedorismo. Talvez, você nunca tenha ouvido falar nessa expressão. Mas desde meados dos anos de 1980, ser intraempreendedor é um dos melhores e mais cobiçados ativos de um profissional. Com certeza, todas as empresas (independentemente ao seu segmento de atuação) querem um intraempreendedor. Mas afinal o que é isso?
“Intraempreendedor é um profissional que inova, organiza novos processos, coloca a empresa, na qual trabalha, em patamares mais elevados de atuação e ganhos”, resume Tales Andreassi, coordenador do Centro de Empreendedorismos e Novos Negócios da Fundação Getúlio Vargas. “Ele enxerga soluções, perspectivas, não vistas por seus colegas.” Importante, não confundir tais definições com eficiência profissional, apenas. “Ser intraempreendedor é também ser eficiente. Mas essa é só mais uma de suas características”, enfatiza Andreassi.
Desistir? Jamais!
O cientista norte-americano Arthur Fry, criador do post-it (um dos itens de papelaria mais comercializados em todo o mundo) é exemplo desse profissional. “Ele ouviu diversas negativas. Diziam que sua ideia [o post it] não teria sucesso, mas nunca desistiu. Encontrou saídas para tornar real seu plano”, comenta o coordenador.
O post-it surgiu no início dos anos de 1970, pela necessidade de Fry em utilizar marcadores de livros. Ele queria fixá-los de maneira a não se mover ou cair das páginas. Desse desejo, surgiu um campeão de vendas. Em janeiro de 2013, a 3M, proprietária desse produto, anunciou nos Estados Unidos que parte expressiva do seu então lucro, de US$ 910 milhões, só fora possível por sua comercialização.
“Mas não é fácil encontrar intraempreendedores. Também não é fácil existir organizações com a cultura do intraempreendedorismo”, adverte Andreassi.
Pró-atividade para tomar decisões
A equação que se desenha a partir dessa conclusão é simples, contudo, contraditória. O mercado de trabalho deseja profissionais com habilidade de resolução de problemas, pró-atividade para tomar decisões e impactar os resultados dos negócios. Por outro lado, a cultura empresarial é hierárquica. Exige resultados presumíveis, desacredita pessoas extremamente questionadoras. “A média gerência é um obstáculo”, sentencia Andreassi (foto abaixo).
Ou seja, há uma diretoria desejosa por ideias. Ao mesmo tempo, há uma massa funcional de trabalhadores sedentos por reconhecimento de suas iniciativas. Entre essas duas instâncias encontra-se a média gerencial, por vezes, desconfiada que atitudes de independência, de seus subordinados, resultem em sua demissão. “Esse obstáculo se desfaz com capacitação. Com a consciência dos gerentes de que seus cargos devem ser ocupados por períodos específicos de tempo. Não são funções para se ficar por décadas, ou a vida toda”, afirma o coordenador.
Acrescente, ainda, a essa receita, a dificuldade generalizada das organizações em aceitar equívocos nas suas ações. “Empresas incapazes de assimilar seus erros não crescem”, lembra Andreassi. Aqui, então, outro entrave para os intraempreendedores, pois o risco, o arriscar-se, é uma das fortes características da personalidade desses profissionais. Ambição, persistência, vontade de mudar, de deixar sua marca na história da corporação são outras de seus nuances.