por Fernanda Bottoni
“Existe felicidade no trabalho?”, perguntou a psicóloga Suzy Zveibil Cortoni, sócia-diretora da Ateliê de Pesquisa Organizacional, que abriu o Primeiro Fórum ESPM de Qualidade de Vida, nesta quarta-feira, dia 9, em São Paulo. Com resultado de uma pesquisa realizada com gestores e não gestores, ela apresentou dados interessantes. São eles:
– 79% dos entrevistados dizem que estão felizes no trabalho. Ficou surpreso? Pois ela também ficou e confessou que até tentou ver o que havia sido feito de errado. “Eu não me surpreenderia se o resultado fosse o inverso, mas era esse mesmo, estava correto”, diz.
– Entre os gestores, 80% se disseram felizes. A fatia não é muito diferente entre os não gestores, que são 76%.
– A quantidade de infelizes, no entanto, é bem diferente entre os dois grupos. Enquanto entre os gestores apenas 5% estão infelizes, o dobro (10%) está infeliz entre os não gestores.
– Entre profissionais de São Paulo e do Rio de Janeiro, claro, há grandes diferenças. Na capital paulista, 71% se dizem felizes. Na capital fluminense, a fatia é de 85%. “Perguntamos para os cariocas por que eles são felizes. Eles, claro, disseram que é porque têm praia”, disse ela. “Mas vocês trabalham na praia? Não… mas o clima é outro.” E não?!
– O significado do trabalho para os entrevistados é ter prazer, obter satisfação, aspectos bem introspectivos.
– Já “tornar o trabalho importante” quer dizer ganhar dinheiro, ter uma atividade, ter sociabilidade, status, poder. “Ganhar dinheiro foi um item impressionante porque foi apontado por todos os grupos, independentemente de as pessoas estarem felizes ou não.”
– Atenção: SETENTA E OITO POR CENTO (assim em maíuscula mesmo) dos entrevistados apontaram o “dinheiro” como fator que se sobrepõe a todos os outros. “Trabalhar e ser feliz é ganhar dinheiro, essa foi uma das principais conclusões do estudo.” Está bom para você?
– Ah, sim, em segundo lugar, apontado por 45% dos respondentes, vem “crescimento pessoal e profissional”.
– Quer mais? Para 95% dos entrevistados, o sentido do trabalho é trazer estabilidade financeira. Como diz Suzy, aparentemente o dinheiro pode suplantar e camuflar as sensações de dor, sofrimentos, incômodos e limitações que o trabalho proporciona.
– A pesquisa, por outro lado, aponta também que tanto os felizes quanto os infelizes têm problemas de saúde possivelmente causados pelo trabalho. Entre os entrevistados, 37% dizem que sofrem de dor de cabeça, cansaço exagerado etc. “Adoecer não é privilégio dos infelizes”, diz ela.
– Outra conclusão apresentada é que, hoje, buscar felicidade é quase uma obsessão. “Viver a felicidade é uma necessidade despesperada de preencher vazios e carências e, se possivel, nem entrar em contato com eles”, diz ela. E você já se sentiu feliz hoje?