Muita gente faz voluntariado apenas para deixar o currículo mais atrativo para as empresas. A estratégia pode até funcionar, mas desperdiça o que esse tipo de trabalho tem de melhor, que é a possibilidade de crescer como pessoa, criando laços e entregando afeto a quem, de outra maneira, dificilmente faria parte da sua vida.
É o que ensina Mayara Souza, de 23 anos, que divide seu tempo entre o emprego na multinacional Apdata e o trabalho voluntário na ONG Amparo dos Pequenos, que atende crianças, adolescentes e suas famílias em situação de vulnerabilidade social em uma região carente de Osasco, cidade vizinha a São Paulo.
Ela faz voluntariado há muito tempo, mas, na Amparo dos Pequenos, chegou há um ano. Formada em RH, Mayara aplica na ONG muito do que aprendeu na faculdade e o que aprende todo dia na empresa. “Na ONG, faço um RH generalista, cuido da captação de novos voluntários, escuto os que já estão lá sobre suas dúvidas e angústias”, explica. “O trabalho voluntário até ajuda a minha carreira, mas essa é apenas uma consequência”, diz ela.
Lições da faculdade para o voluntariado
Distribuição de cargos, por exemplo, é um assunto que ela consegue aplicar muito bem na Amparo dos Pequenos. “Temos um representante para cada setor, um organograma bem alinhado”, afirma.
As lições de recrutamento também são importantes. “Não fazemos exatamente recrutamento de voluntários, mas fazemos um filtro para não levar pessoas que só querem postar fotos nas redes sociais e colocar no currículo”, alerta.
Lidar com conflitos é outra competência que ela tem de aprimorar o tempo todo. “As lições vão da empresa para a ONG e vice-versa”, diz ela.
O projeto funciona todos os domingos, das 8h às 13h. E todos os domingos lá está Mayara presencialmente, dedicando tempo e conhecimento. Durante a semana, a dedicação também não para, só não é presencial.
Aprendizado e gratidão
A recompensa? “Eu nem sei contar, é uma gratidão”, diz ela, emocionada. “No Natal, a gente faz uma festa”, conta. “Tem criança que não tinha nem cueca e a gente entrega isso para ela”, afirma. “Elas ficam tão gratas com isso ou com um pirulito, uma palavra de carinho… e assim nós criamos laços, ficamos felizes, nos abraçamos.”
Para Mayara, muito mais do que um ponto positivo no currículo, o trabalho voluntário é uma troca. Ela reconhece que, antes desse trabalho, não tinha muita empatia com criança. “A ONG foi uma superação para mim”, afirma. E a principal lição que ela aprendeu foi não julgar. “A gente nunca sabe por que alguém faz o que faz, então a gente nunca deve julgar crianças, nem famílias, nem comunidades”, afirma. “A gente pode se aproximar e tentar entender para ajudar.”
Que seu bom exemplo possa inspirar outros profissionais. 🙂