por Rejane Tamoto
fotos por Ailton de Oliveira
O aluno de educação à distância (EAD) controla seu próprio tempo de estudo e tem vocação para ser autônomo nessa jornada. Mas a tendência é que, apesar de tão longe de uma universidade física, ele se sinta cada vez mais perto dos conteúdos, dos professores e dos colegas nessa modalidade de curso. A ideia é que ele se sinta quase que em uma sala de aula física, com a diferença de continuar tendo a liberdade de estar onde quiser. Para cumprir esse objetivo, instituições que oferecem cursos de EAD têm investido em tecnologia em suas estruturas pedagógicas e adotado ferramentas de monitoramento para saber o que o aluno está precisando.
A FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas) é um complexo educacional que ministra 31 cursos de MBA e pós-graduação lato sensu EAD nos quais o aluno é acompanhado de perto, mesmo estando fora do Brasil. “Trabalhamos para que o ambiente virtual não seja só um repositório para suprir a carga horária do curso”, afirma Carina Alves, diretora do centro de EAD da FMU. Hoje, a instituição tem mais de três mil alunos, dos quais 10% estão fora do Brasil, em países como França, Portugal, Japão, Londres e Angola.
Monitoramento em tempo real
“Monitoramos todos os estudantes em tempo real para saber se eles têm alguma dificuldade ao acessar os conteúdos. Verificamos se assistiram aos vídeos e oferecemos subsídios para que avancem. Temos uma sala de aula virtual e o estudante pode interagir por áudio, mensagem e participar de atividades ao vivo agendadas com antecedência”, conta.
Os professores, explica a diretora, são capacitados a cada dois meses para lidar com os recursos tecnológicos. “Adotamos a metodologia de Harvard e do MIT (Massachussets Institute of Technology), na qual o aluno tem autonomia e o professor acrescenta. O estudante passa por várias atividades, discute com os colegas e esclarece dúvidas com o docente”, diz Carina.
No final de cada módulo de dois meses, os alunos passam por um ciclo de palestras sobre temas da atualidade, como o Marco Regulatório. “Eles podem assistir de um computador ou smartphone e interagir, enviando perguntas.” Para aprofundar o vínculo do estudante com a instituição, a FMU também produz uma revista e um programa com temas abordados por professores e profissionais de mercado, além de divulgar as experiências de alunos que tiveram sucesso ao aplicar os conhecimentos obtidos na EAD. “Somos a primeira instituição a oferecer cursos gratuitos no iTunes sobre libras.
Governança corporativa
O projeto nasceu com o objetivo de fomentar a responsabilidade social, já que esse conhecimento é restrito entre professores da rede pública. A aceitação foi tão grande que vamos lançar outro, no mesmo molde, sobre governança corporativa”, adianta ela. O próximo passo, anuncia Carina, será o lançamento de cursos de graduação à distância, parte deles tecnólogos de dois anos. Eles estão em processo de autorização pelo Ministério da Educação (MEC) e a previsão é que estejam disponíveis até o primeiro semestre de 2015.
“Pretendemos também ampliar os cursos de pós-graduação EAD, principalmente sobre temas relacionados a processos regulatórios, por conta da demanda do mercado”, completa. Já a Fundação Instituto de Administração (FIA) planeja chegar tão perto do aluno a ponto de atender uma necessidade dele em tempo real. Para isso, deve aderir em 2015 ao conceito de MOOC (Massive Open Online Course), um tipo de curso que utiliza ferramentas tecnológicas semelhantes às de redes sociais para que um grande número de alunos possa ampliar seus conhecimentos em conjunto.
Inteligência coletiva
“Em outras palavras, significa que centenas de milhares de alunos poderão interagir, o que chamamos de inteligência coletiva. Vamos trabalhar também o contexto, que permitirá ao aluno contextualizar a aprendizagem em função de sua necessidade na empresa no momento. E também a posição, na qual poderemos identificar onde cada um está e oferecer algo personalizado”, explica Nivaldo Tadeu Marcusso, coordenador do núcleo EAD da FIA.
Ele conta que a introdução do conceito deve tornar a aprendizagem na EAD mais individualizada. “Queremos que ela seja mais eficiente e significativa para o desenvolvimento profissional do aluno. A ideia é oferecer um conteúdo específico a um estudante dependendo da necessidade no momento, como quando ele está em uma reunião de negócios”, exemplifica.
As funcionalidades deverão ser inseridas na plataforma atual, que é baseada no Moodle, uma arquitetura aberta. “A solução que implantamos permite atender até 30 mil alunos simultaneamente. Quem utiliza são os alunos da EAD e dos cursos presenciais. Hoje, 20% do currículo deles já são ofertados à distância, com videoaulas, ebooks, podcasts e repositórios de vídeos. O professor pode agendar videoconferências, mas os alunos podem acessar os conteúdos em qualquer horário e interagir com os colegas e docentes”, diz Marcusso.
Hoje, sete mil estudantes utilizam esses recursos, divididos em cursos de extensão EAD e presenciais, incluindo a graduação.
Atualizações diárias
A arquitetura aberta já permite que a instituição monte um jornal online com atualização diária de determinado tema específico. “Imagina conectar isso com a posição geográfica do aluno e ao contexto em que ele está. A EAD vai ficar cada vez mais parecida com o ensino presencial”, conclui.
A FIA deve lançar mais dez cursos de extensão a partir do mês de julho, voltados a nichos específicos, como os de Inteligência Coletiva e Big Data, e Modelagem de Negócios Digitais. Está em processo de credenciamento no MEC uma pós-graduação lato sensu EAD na área de educação corporativa, com duração de 18 meses. A previsão de início até o primeiro semestre de 2015.