por Kleber Gutierrez
fotos por Rogério Montenegro
Uma força de trabalho, geralmente inexperiente, mas com muita vontade de vencer começa a engrossar as fileiras do mundo corporativo: são os jovens aprendizes. Conforme dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), foram 647 mil os profissionais, em começo de carreira, contratados neste regime entre os anos de 2012 e 2013. E a meta do governo federal é a de que eles sejam 1,22 milhão até 2015. Para se ter uma ideia do crescimento da modalidade, em 2005 os mais novos garantiram apenas 57 mil postos.
Esses profissionais são beneficiados pela Lei do Jovem Aprendiz, lançada em 2000 e ampliada em 2005. Ela estabelece que todas as empresas de médio e grande portes estão obrigadas a contratar adolescentes e jovens entre 14 e 24 anos incompletos. Restrição que deixa de existir, caso o pretendente apresente alguma deficiência. A contrapartida é que eles devem estar matriculados em cursos de aprendizagem profissional, oferecidos por instituições reconhecidas pelo programa (Sistema S, escolas técnicas de Educação e organizações sem fins lucrativos, por exemplo) e serem admitidos com todas as garantias oferecidas pela CLT.
Quanto à remuneração, a lei garante ao aprendiz o direito ao salário mínimo em vigor no País ou, caso exista, o piso estadual. O contrato de aprendizagem ou o acordo coletivo da categoria também poderão garantir ao jovem um contra-cheque maior. Além das horas destinadas às atividades práticas, a empresa deve bancar as horas cumpridas em aulas teóricas, o descanso semanal e os feriados.
O contrato assinado entre as partes precisa conter, obrigatoriamente, o curso em que o aprendiz está matriculado, a jornada diária e semanal, a definição da quantidade de horas teóricas e práticas, a remuneração mensal e os termos inicial e final do documento. Conforme o MTE, “essa política é importante para diminuir o índice de desemprego entre os mais jovens, para assegurar a inserção no mercado de trabalho e ampliar as possibilidades de um futuro mais promissor à nova geração”.
Na VAGAS Tecnologia, três jovens aprendizes foram contratados após processo seletivo comandado pelas especialistas de Recursos Humanos Erica Isomura e Beatriz Guimarães. Conforme Erica, a parceira escolhida foi a instituição Nurap, que se dedica à aprendizagem profissional e assistência social. Nela, os admitidos passam seis horas semanais em cursos. E outras 24 horas na empresa, que se comprometeu em “colocar em prática o aprendizado; gerar oportunidades de desenvolvimento e vivenciar os propósitos das áreas relacionadas ao curso em andamento”.
Entre os benefícios oferecidos pela VAGAS, além da remuneração principal, destacam-se o auxílio desenvolvimento (bolsa para cursos diversos); seguro de vida; convênios médico e odontológico; vales refeição e transporte.
Erica aponta como relevante o papel social que as empresas desempenham com esse tipo de contratação. “Além de que os gestores podem ser uma influência muito positiva sobre a visão que os jovens constroem a respeito de sua vida profissional.” Mais ainda, continua, se eles forem inseridos em um ambiente de gestão como é o da VAGAS, onde responsabilidades e méritos são divididos de maneira horizontal. “É muito bom poder acompanhar o desenvolvimento desses jovens. Ver como eles absorvem o conhecimento e expandem seus horizontes com tanta rapidez a ponto de oferecerem melhorias aos processos.”
Um dos contratados é Bruno Dornelas, que aos 17 anos já está em sua segunda empresa, e trabalha para concluir o ensino fundamental. Segundo ele, o que diferencia esta da primeira colocação é o estilo diferenciado de gestão. Atuando na área administrativa, também teve a oportunidade de vivenciar o cotidiano de outros setores, como RH e Tecnologia. Tanto que suas próximas incursões no ambiente acadêmico podem passar por um curso de quatro anos em uma Etec e, depois, uma universidade na área de Marketing ou de Tecnologia. A dúvida não é um incômodo. Longe disso. É o resultado de uma mente cuja perspectiva foi ampliada: “Vou discutir com minha família a respeito do melhor caminho. Em casa, sempre chegamos a um consenso.”
Jefferson Torres, 20 anos, é outro eleito. Antes da VAGAS, esteve na área de vendas em um pequeno comércio. Agora, transita entre o Financeiro e a Logística da organização. A “falta de possibilidade de crescimento e o desejo de efetivação com CLT” foram os motivadores para que buscasse a atual colocação.
Torres agora se prepara para novos desafios, como o de entrar na faculdade de Análise e Desenvolvimento de Sistemas. Quanto à oportunidade de atuar como jovem aprendiz em uma empresa referência no segmento de e-recruitment, o rapaz que vive em Itapevi, na Grande São Paulo, com o pai, a mãe e um irmão mais novo não titubeia: “Sei que o que conquistei se reflete em minha família. Mas, principalmente, em meu irmão. Sou uma referência de que é possível melhorar.”
A garota da turma é Fernanda Santana, de 19 anos, em sua primeira vivência corporativa. Lotada no RH da VAGAS, a jovem assegura que sua visão sobre a área foi alterada após a contratação. “Achava que departamento pessoal inspirava medo nos trabalhadores.” Agora, “vejo que é possível produzir com qualidade sem criar um espírito de competição prejudicial aos colaboradores”.
Após terminar seu curso de Administração de Recursos Humanos na faculdade, pretende fazer uma extensão em Administração ou Psicologia. “Para continuar lidando com as pessoas e as questões do RH: É edificante saber que é possível, no ambiente corporativo, tratar o pessoal como gente.”