As mulheres estão presentes em cada vez mais segmentos e níveis hierárquicos do mercado de trabalho. De pequenas a grandes companhias, elas atuam em carreiras tradicionais e também nas inovadoras, inclusive em profissões e mercados antes dominados pelos homens. No entanto, uma boa parte delas se destaca principalmente quando o assunto é empreendedorismo feminino.
Entenda melhor o que é empreendedorismo feminino e veja dicas de como iniciar sua jornada neste mundo de possibilidades. Boa leitura!
Neste artigo você verá:
O que é empreendedorismo feminino?
Por definição, o empreendedorismo feminino é o conjunto de negócios idealizados ou comandados por mulheres. Além de empreendimentos criados por mulheres, o termo inclui também a presença delas em cargos de liderança de empresas em geral.
Nomes como Luiza Helena Trajano, do gigante Magazine Luiza, Sônia Hess, da camisaria Dudalina, Zica Assis, da empresa de cosméticos Beleza Natural, e Cristina Junqueira, da fintech Nubank, se destacam na mídia e em grandes eventos corporativos por serem mulheres criadoras de negócios de sucesso.
Elas são uma pequena amostra em meio a estatísticas que mostram que mulheres vêm empreendendo cada vez mais.
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Qual a realidade do empreendedorismo feminino no Brasil?
Aproximadamente 10,3 milhões de mulheres lideram empreendimentos no Brasil, conforme os dados mais recentes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), conduzida pelo IBGE. São essas mulheres empreendedoras que contribuíram para que o Brasil alcançasse a 7ª posição no ranking global de países com maior proporção de mulheres entre os “empreendedores iniciantes”.
Segundo a pesquisa do Global Entrepreneurship Monitor (GEM) e Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), no nosso país, elas representam quase metade dos mais de 43 milhões de proprietários de pequenos negócios.
Mais do que uma busca por igualdade de gêneros, esses números apontam o enorme potencial que as mulheres têm de contribuir para uma melhoria na economia global. Quando uma mulher empreende, ela gera mais empregos — muito provavelmente entre outras mulheres —, investe na comunidade e ajuda a criar uma economia mais sustentável para todos.
Segundo o Sebrae, em 2020, 46% dos empreendedores iniciais em 2020 (com negócios de até 3,5 anos), eram mulheres.
Entre os anos de 2018 a 2021, Micro e Pequenas Empresas com participação influente de mulheres cresceram a uma média de 10% ao ano, alcançando um total de 1.344.804 companhias. Mais um dado que mostra o quanto é benéfico para as empresas terem mulheres em cargos de liderança.
Veja outros dados relevantes sobre as mulheres empreendedoras:
- 49% das mulheres empreendedoras são chefes de família (Pnad 2020);
- 48% são MEI – Microempreendedores individuais (Sebrae 2019);
- Maior parte (43%) está na Região Sudeste do Brasil, e ainda existe grande desigualdade regional (Sebrae, 2021);
- 51% são brancas, 47% negras e 2% amarelas ou indígenas (Sebrae, 2021);
- 68% têm ensino médio completo, superior completo ou maior (Sebrae, 2021);
- 67% têm entre 35 e 64 anos (Sebrae, 2021).
Desafios do empreendedorismo feminino
Por mais que as mulheres estejam mais confiantes para começar a empreender, elas ainda encontram diversas dificuldades pelo caminho. Conheça quais são os principais desafios do empreendedorismo feminino e como superá-los.
Jornada dupla (ou tripla)
Já vimos alguns dados que mostram que as mulheres empreendem para ter mais flexibilidade e conseguir conciliar trabalho com outras atividades da rotina da casa e da família.
Segundo levantamento do PNAD, as mulheres dedicam 17% menos horas ao próprio negócio que os homens, isso porque chegam a trabalhar 10,4 horas por semana a mais que os homens em afazeres domésticos e cuidados com os filhos.
Um estudo da empresa americana Welch’s (publicado pela Forbes) aponta que as mães trabalham, em média, 98 horas semanais em cuidados com os filhos. Isso é o equivalente a ter 2,5 empregos em tempo integral.
Enquanto a sociedade não se torna mais igualitária no sentido de homens e mulheres dividirem as tarefas domésticas de maneira mais equilibrada, elas encontram inspiração, muitas vezes em seus filhos, para empreender – e com sucesso!
Discriminação e preconceito de gênero
A desigualdade de gêneros também está presente no mundo empreendedor. Apesar de estudarem mais, as mulheres têm renda menor entre empreendedores estabelecidos. Segundo o Sebrae, as mulheres donas de negócio ganham 22% a menos que os homens na mesma condição. Quando falamos de raça-cor, a desigualdade aumenta ainda mais.
Os dados do Sebrae revelam que muito dessa desigualdade está relacionada à motivação para empreender, que leva as mulheres a atuarem em atividades com pouca inovação, devido à necessidade. Elas estão, principalmente, em serviços domésticos (12%); cabeleireira/beleza (11%) ou serviços de alimentação (10%), que são atividades mais vulneráveis ou produtos com menos valor agregado, impactando diretamente em um menor faturamento que os negócios liderados por homens.
Desigualdade de gênero nas finanças
Já vimos que, apesar de terem escolaridade maior que os homens empreendedores, as mulheres têm renda menor entre os empresários. E os desafios não param por aí quando o assunto são as finanças das empresas.
Quando a questão é crédito, dados apontam que as mulheres estão à frente de negócios menores, com menos colaboradores, muitas vezes porque fizeram menor investimento. Muito disso se deve ao fato delas terem menor acesso às linhas de crédito mais vantajosas. Até mesmo as taxas de juros são maiores em empréstimos para mulheres do que para homens. O curioso é que a taxa de inadimplência é muito menor entre empreendedoras femininas.
Por outro lado, dados da Organização Mundial do Trabalho (OIT) apontam que empresas com mulheres na liderança são mais lucrativas no Brasil. Três entre quatro das empresas que promovem a diversidade de gênero em cargos diretivos dizem ter obtido aumento dos lucros de 5% a 20%.
Áreas de atuação limitadas
Atualmente, o setor de Serviços ainda é o que mais tem empreendimentos liderados por mulheres. A maioria das empresas registradas por elas estão relacionadas à área da saúde, seguidas por comércio varejista de produtos farmacêuticos. Entre as MEIs, a maioria atua em segmentos como alimentação, beleza e moda (de acordo com o Sebrae), e predominantemente trabalham em casa.
A discriminação ou falta de confiança nas mulheres para alguns mercados ainda limita a atuação das empreendedoras, mas essa realidade está mudando. Em parte, a pandemia acabou impulsionando essa mudança por conta do trabalho remoto, que se tornou tendência, e ampliou as possibilidades também para elas.
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Como iniciar um negócio como mulher?
Quer fazer a diferença como mulher empreendedora? Comece diferente. Talvez a maioria das mulheres que você conhece que trabalham “por conta” tenha começado a fazer um trabalho extra, para compor a renda da família, cozinhando ou revendendo produtos para as amigas. E não há nada de errado nisso. Porém, você pode ampliar seus horizontes e começar algo totalmente novo.
Pense em algum trabalho com que você se identifique, mas seja inovador. Você vai precisar pesquisar e checar se sua ideia de negócio é viável e se vai ter um diferencial que faça você se destacar no mercado. Mas lembre-se: mulheres podem empreender em qualquer setor e das mais variadas maneiras.
O mais importante é avaliar seu cenário e usar os desafios a seu favor. Se você é mãe, por exemplo, pode utilizar habilidades que ganhou administrando seu tempo e rotina com os filhos para superar obstáculos do mercado. Criatividade e resiliência são conceitos fundamentais no mundo do empreendedorismo.
5 Estratégias para o sucesso empreendedor
Agora que você já sabe mais sobre a importância do empreendedorismo feminino e como está o mercado para elas. Veja nossas dicas para ser um empreendedor de sucesso.
1. Encontre seus diferenciais e seja inovador
A inovação está diretamente ligada à criatividade para solucionar problemas. Manter a mente aberta e ficar atenta às novidades de mercado para aplicar em seu negócio é fundamental para o sucesso. Empreender não é apenas criar um negócio, mas também estar em constante busca de oportunidades para melhorar os resultados e fazer sua empresa crescer.
Inovação e resiliência andam de mãos dadas na jornada empreendedora, já que para resistir às adversidades também é preciso buscar soluções criativas para os problemas.
2. Planeje-se para o futuro
No Brasil, de acordo com levantamento da Rede Mulher Empreendedora, 49% das mulheres abrem um negócio sem qualquer planejamento. Isso aumenta as chances de fracassar ou, ainda, ter um faturamento muito menor do que elas poderiam alcançar. Antes de tudo, é preciso pensar onde você quer chegar. Isso nada mais é do que estabelecer metas, o que é fundamental para qualquer empresa.
Com objetivos claros para o seu negócio e metas consistentes, você poderá criar um plano de ação e traçar o caminho que você precisará percorrer até alcançar o sucesso desejado.
3. Busque informação e capacitação
Seja qual for a sua área de atuação, é imprescindível que você entenda tudo sobre ela. Pesquise, leia notícias sobre o setor, estude sobre conceitos, tendências, cases de sucesso de outras empresas e troque experiências com outros empresários que são referência na sua área. Essas trocas são muito enriquecedoras para os empreendedores.
Além disso, independente do segmento da empresa, alguns cursos são fundamentais para quem deseja empreender, como: gestão financeira, gestão de pessoas e atendimento ao cliente, por exemplo. O Sebrae pode ser um ótimo parceiro no início dessa jornada, pois oferece diversos programas de treinamento e consultoria para pequenos empresários, em sua maioria gratuitos.
4. Aposte no mundo digital
O digital chegou para ficar, e as empresas não podem ignorar essa realidade se desejam obter sucesso. São muitas possibilidades, mas o mais importante é ter uma presença digital sólida, que transmita confiança para seus clientes. Além disso, os canais digitais podem ajudar a diversificar suas formas de se relacionar com seus clientes e converter vendas.
5. Crie sua rede de contatos e se relacione
Mulheres, naturalmente, têm a habilidade de criar redes. Elas são amigas que conhecem outras amigas, mães que conheceram na escolinha dos filhos e conhecem outras mães, e também amigas que empreendem e se tornam parceiras. Isso é maravilhoso para o sucesso dos empreendimentos femininos. Use essa característica a seu favor.
Chame de networking ou rede de apoio, ela irá te ajudar a espalhar notícias sobre seu negócio e a fazer propaganda “gratuita” da sua empresa, ajudando a atrair mais clientes e a converter mais vendas. Seja qual for seu círculo de amigos — do trabalho, da faculdade, da academia, do bairro —, é importante que eles saibam sobre seu trabalho, nunca se sabe quem pode precisar do seu serviço ou produto.
Pronta para começar a empreender? Esperamos que nossas dicas sejam pelo menos um ponto de partida para o início dessa jornada profissional. Se você acha que empreender não é para você, tudo bem, você também pode ajudar a incentivar o empreendedorismo feminino consumindo de empresas criadas ou lideradas por mulheres e ajudando a divulgar suas ideias.
Quando uma mulher empreendedora alcança o sucesso e a independência, toda a sociedade se beneficia e os resultados são uma economia mais forte e igualitária.
Ainda está em dúvida se deseja empreender? Confira nosso artigo “Empreender ou ser empregado? Saiba o que é melhor para você”.