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A relação entre propósito, talento e motivação

Você sabe qual é a relação entre propósito, talento e motivação? Propósito quase sempre está relacionado ao talento. Parece que nos foram dados talentos com o objetivo de fazer o bem para a humanidade. Se temos a sensibilidade de descobrir os nossos talentos e os colocamos a serviço dos outros, o propósito se manifesta. Você se torna motivado e feliz. Imagina quando isso acontece no seu trabalho. Além de fazer bem aos outros e estar feliz, você ainda ganha dinheiro e brilha.

No entanto, se você descobrir seus talentos, mas focar apenas em dinheiro e fama, sua felicidade não será sustentável e você vai se desmotivar com o tempo. Pense em quantas pessoas talentosas (e famosas e ricas) cometeram suicídio ou tiveram sérios problemas psicológicos. 

Descobrir o talento, colocá-lo a serviço dos outros, não focar apenas no dinheiro (mas em poder ganhar dinheiro com ele, claro) pode ser um bom caminho em busca de motivação. 

Faz sentido pra você? 

Douleia e Erga: onde buscar propósito e motivação

Na Antiguidade Grega, havia dois termos para se referir a trabalho: douleia e ergaDouleia era o trabalho que visava a subsistência, as tarefas diárias e indispensáveis, como os cuidados com a saúde, higiene pessoal, alimentação etc. Erga eram os trabalhos que necessitavam de criatividade, reflexão, desenvolvimento dos talentos, arte.

Enfim, erga não visava subsistência ou lucro, e sim a evolução humana e a busca da excelência, através do desenvolvimento das habilidades de cada um. Os gregos sabiam que precisavam de tempo para o exercício da erga, pois nenhum talento ou obra poderia ser desenvolvido com pressa. Sem pressa e com a prática, a perfeição “tocava o divino”. Esse tempo destinado a investigar talentos e capacidades, era chamado de “ócio criador”.

Na sociedade moderna, onde temos de produzir, conquistar e consumir, o ócio criador (que Domenico de Masi chamou de ócio criativo) não é muito bem-vindo. Se não tomarmos cuidado, nossas vidas se resumem a trabalhar muito, gastar o que ganhamos, e descansar exaustos – com algumas pinceladas de lazer, que nem sempre podem ser consideradas ócio criativo. Colocar mais erga em nossos dias, tirar nossas habilidades da gaveta e colocá-las a serviço da comunidade podem nos dar propósito e motivação. 

Daniel H. Pink, no livro The Surprising Truth About What Motivates Us, diz que: 

– A motivação 1.0 é a busca pela sobrevivência. 

– A motivação 2.0 é a resposta que damos a recompensas e castigos (querendo repetir o prazer, querendo evitar a dor). 

– A motivação 3.0 é a motivação intrínseca, aquela que vem de dentro, que independe de resultados e recompensas, que você faz porque você sente que você é feliz fazendo.

Quando você tem o ecstasy, ou êxtase (palavra grega ékstasis, que tem a ver não só com o êxtase, mas também com estático – ekstatiko), você está radiante e também sente que naquele momento o tempo para. É quando você cria um curso, uma aula, uma música, um quadro ou qualquer coisa que você sabe que não existiria se você não tivesse criado.

Mihaly Czikszentmihalyi fala sobre isso no TED Talk: Flow The Secret to Happiness.

 Conclusão? 

Voltamos à Grécia antiga, e relembramos a inscrição que se via na entrada do Oráculo de Delfos: Conhece-te a ti mesmo. Nada mais atual. 

Coloque erga em sua vida, para conhecer seus talentos e seu propósito, e os priorize. Permita-se o ócio criativo e também conheça as pessoas que você ama, com quem você convive, a quem você ensina. E quando se sentir muito motivado para algo, saiba que haverá desafios e que, ao enfrentá-los, você pode se esquecer de tudo isso. E aí terá de recomeçar, percorrendo o mesmo caminho novamente ou buscando outros para reconquistar a motivação. A vida é feita de ciclos. 

Rosangela Souza (ou Rose Souza), autora do post, é fundadora e sócia-diretora da Companhia de Idiomas, e coautora do Guia para Programas de Idiomas em Empresas. Graduada em Letras/Tradução/Interpretação pela Unibero, Especialista em Gestão Empresarial, MBA pela FGV e PÓSMBA pela FIA/FEA/USP, além de cursos livres de Business English nos EUA. Professora na Pós Graduação ADM da FGV.