por Heloisa Valente
Se você é daqueles que não consegue terminar suas tarefas no ambiente de trabalho e, costumeiramente, leva trabalho para casa, é bom repensar as estratégias para a sua carreira. Não que isso seja um problema, mas pode vir a ser. Quem alerta é Yuri Trafane, sócio-diretor da Ynner Treinamentos. Para ele, o assunto é complexo e deve ser analisado de acordo com a cultura das organizações.
“A prática pode ser bem vista em uma empresa que tenha estrutura familiar, onde o esforço pessoal é sempre valorizado, assemelhando-se, muitas vezes, com a história do dono que cresceu profissionalmente com base em muito trabalho e horas de dedicação ao negócio. Já nas empresas modernas, que têm no discurso a valorização do ser humano, o excesso tende a ser repudiado”, analisa.
Trafane explica que trabalhar demais em prol da organização nunca é visto de maneira negativa pela instituição, desde que o resultado desse esforço esteja alinhado à produtividade, lucratividade e metas do negócio. No entanto, ele acredita que no futuro isso será desvalorizado. “Ainda não vi empresas que tenham deixado de promover um colaborador porque ele trabalha demais, mas já há ressalvas de que isso possa impactar seu desempenho e criatividade”, afirma.
Por isso, diz o executivo, o autoconhecimento é a chave mais importante em busca do equilíbrio entre vida corporativa e familiar. “Vivemos em uma sociedade onde a geração Y tem muito a nos ensinar. Eles são extremamente conectados, gostam do que fazem e trabalham muito, mas prezam por esse equilíbrio. E, cada vez mais ocupando cargos de liderança, tendem a modificar as estruturas organizacionais”.
Comunicação e felicidade são aliadas do tempo?
Mensagens instantâneas, redes sociais, e-mails e conference call são algumas ferramentas que agilizam o dia a dia das mais variadas profissões. Mas de fato elas são aliadas na administração do tempo? Trafane diz que sim e argumenta que, mais uma vez, equilíbrio é essencial.
“O que acontece é que quando nos rendemos aos avanços tecnológicos acabamos trabalhando ainda mais. É comum dispensarmos horas a mais do nosso dia respondendo mensagens relativas ao trabalho. Avaliar se isso é bom ou ruim depende, claro, da relação que o profissional tem com seu ambiente corporativo. Cada um sabe onde está o seu limite”, ressalta.
Importante, diz ele, é estar feliz com aquilo que se faz e ter a dimensão de que muitas horas dedicadas ao trabalho pode sim prejudicar seu desempenho. “Imagine um médico que precisa dobrar um plantão? Totalmente improdutivo, correto? E mais grave ainda é o fato de colocar outras vidas em risco”, argumenta.
Com esse exemplo drástico ele faz uma comparação com qualquer outra área do mundo profissional, onde a pesada rotina corporativa pode colocar a perder toda a dedicação para um trabalho, ausentando dos negócios o que é primordial: pensamento criativo, inovador e decisivo.