Se você já sentiu discriminada por ser mulher no ambiente corporativo pode saber que não está sozinha. Nós somos muitas e passamos por isso com muita frequência.
As discriminações são as mais variadas – ouvimos comentários machistas que colocam em dúvida nossa inteligência, somos preteridas para determinadas promoções e também passamos por casos mais sérios, de assédio moral ou sexual propriamente ditos.
Neste artigo você verá:
O que fazer quando você se sentir discriminada por ser mulher
Apesar de bastante frequente, você não deve achar que ser discriminada por ser mulher é algo normal o suficiente para ficar impune. Pelo contrário, quanto mais você deixa um agressor à vontade para agredir, mais ele tende a repetir esse tipo de comportamento. E é você quem leva a pior.
“A mulher que sofre discriminação no ambiente de trabalho pode perder sua produtividade, desenvolver depressão e até ser afastada da função”, afirma a advogada Ellen Fabiana Moreira, que já teve várias clientes nessa situação.
Para quem passa por isso, a dica da advogada é buscar uma forma de interromper a situação antes que ela cause maiores prejuízos. Veja por onde começar.
1. Demonstre sua insatisfação
Demonstrar que você percebeu a agressão e não está contente com ela é o primeiro passo para fazer com que o agressorpare de ter esse tipo de comportamento. “Você pode fazer isso formalmente, por e-mail, por exemplo, relatando o que aconteceu, dizendo que se sente ofendida com aquilo e pedindo que ele se policie para que não aconteça mais”, sugere a advogada.
Essa dica vale especialmente quando o agressor é seu superior direto. Quando ele é um colega de trabalho ou alguém de outro departamento, pode ser mais eficiente conversar com o seu chefe sobre o que está acontecendo.
Outra opção é utilizar os canais de denúncia da própria empresa, se houver. Em grandes empresas, essa alternativa vem sendo cada vez mais utilizada.
“O importante é que você se posicione”, afirma Ellen. “Essa simples atitude pode já fazer com que o agressor pare de incomodá-la”, diz ela, que pessoalmente já passou por isso. Em uma audiência, um colega advogado, que defendia a outra parte, insinuou que por ser mulher e jovem talvez ela não entendesse como as coisas funcionavam. “Na hora, pedi que o juiz relatasse o que foi dito em ata para levar até a OAB”, afirma. O pedido já fez com a história parasse por ali. “Quando a mulher não se posiciona, isso pode virar um ciclo e não ter mais fim”, alerta.
2. Reúna provas e testemunhas
Se a situação de discriminação ou assédio persistir, é hora de se organizar para uma possível ação judicial. Reúna provas do que está acontecendo. O próprio e-mail sugerido no item 1 pode ser considerado evidência.
Se for preciso, grave ou filme a ação do agressor. “Se for um vídeo em que aparecem apenas a vítima e agressor, ele não viola a privacidade de ninguém e vai ser considerado como prova pelo Poder Judiciário”, afirma Ellen.
Além disso, converse com pessoas que possam ter presenciado alguma cena pela qual você passou e pergunte se elas poderiam ser suas testemunhas.
3. Procure um advogado
Casos de assédio de conduta moral – o chamado assédio moral – podem ser levados ao Ministério do Trabalho. Casos de assédio sexual podem ser relatados diretamente à Delegaria da Mulher. Para saber exatamente em que categoria se enquadra a situação pela qual você está passando, a dica da advogada é a de procurar a orientação de um profissional da área.
Se você não tiver como pagar um advogado, pode buscar ajuda da Defensoria Público, do Cejusc (Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania) ou do serviço de auxílio jurídico prestado gratuitamente por faculdades de direito. Aqui está uma lista de Endereços para Assistência Judiciária da OAB-SP.
Por fim, Ellen ressalta que nem sempre a mulher que sofre discriminação tem coragem de lutar contra essa situação. “Ela se sente fragilizada”, afirma. Por isso, é muito importante ter o apoio de amigos e familiares nesse momento. Não custa, então, dizer que se você não está passando por isso, mas conhece alguém que esteja, sua ajuda pode ser muito bem-vinda.
Este artigo ajudou? Veja também o resultado da pesquisa realizada pela VAGAS que mostra dados sobre assédio no trabalho.