Por Fabíola Lago
O momento do tão esperado décimo terceiro chegou. Alguns, pela metade, já que muitas empresas adiantam 50% em julho. Para uns poucos 100%, eba! E existe aquela parcela de animados em que o sonhado décimo terceiro já entra para cobrir o negativo.
Ora, certamente você já sabe, já ouviu, ou com certeza vai ouvir nos próximos dias, tudo o que deve e não deve fazer com o seu salário extra de final de ano. “Pagar as dívidas do cartão e do cheque especial, pois os juros são absurdos”; “Pagar as prestações em atraso da faculdade, da escola, da natação” , “Adiantar parcelas de financiamento do imóvel” e por aí em diante. Todas válidas e consistentes.
Mas vamos combinar? A forma como gastamos nosso dinheiro é afetiva. Quem não sabe que o correto é gastar menos do que ganha, fazer uma poupança para os momentos de emergência, para investir em uma grande viagem ou para adquirir um bem? O difícil é… dizer não a todas as tentações. Por que, afinal, é tão fácil entrar no vermelho?
São muitos os fatores. Existe a educação herdada dos pais, de muito ou pouco gasto. O prazer de poupar desde a primeira mesada para comprar aquele brinquedo. Ou de ter crescido em meio às emergências financeiras, sempre em dívidas, e por isso mesmo, considerar “meio normal” viver dessa forma.
Mas o que há de comum em todos esses perfis? Vivemos uma cultura bombardeada pelo “compre”, “tenha”, “seja”. É como se fosse possível comprar a personalidade da modelo que faz o comercial do perfume, viver um estilo de vida daquele artista, ter os móveis daquele casal simpático da propaganda do banco. Projetamos o tempo todo nossa existência em modelos que são criados pela publicidade. Só nos esquecemos que eles são… irreais. E caímos na armadilha.
“Dar o passo maior do que a perna”, como diziam os mais antigos, na maioria das vezes está diretamente relacionado a esse desejo de ser o outro, viver como o outro. O que nos faz esquecer do fato de que somos únicos, temos uma história que só pode ser contada por nós, e por isso mesmo, autênticos e belos.
Ao sentir-se seguro com a sua existência, sua trajetória, deixamos de querer “aquela” felicidade do vizinho para viver a nossa. A pergunta passa a ser muito simples: o que preciso realmente para ser feliz? Preciso mesmo comprar tantos sapatos ou tantas roupas? É pra já? É urgente ou importante? Quando o afeto está no equilíbrio, é meio caminho andado para que a sua conta corrente também esteja.
Então as dicas aqui serão menos técnicas do que os juros, investimentos ou poupanças. São dicas de freios emocionais para que o décimo terceiro seja de fato, um “extra” e não motivo para frustração. Afinal, quanto vale deitar no travesseiro e fazer planos que realmente têm a ver com você com aquela graninha que está sendo guardada? É questão de escolha. E de viver bem com as consequências.