por Heloisa Valente
Chegar com dinheiro na aposentadoria não é tarefa simples, pelo menos para a maioria dos brasileiros. Depois de anos trabalhando sem muito se preocupar com a chegada desse momento, várias pessoas têm que enfrentar essa fase da vida de maneira bem modesta, com o dinheiro apertado para suprir os gastos de itens essenciais. Mas essa realidade pode ser diferente e para que haja mudança, a palavra de ordem é planejamento.
Quem orienta é Augusto Sabóia, consultor financeiro para aposentadoria. Ele brinca dizendo que o momento ideal para começar pensar no assunto é após o nascimento de um filho. “Se todo pai começasse a poupar e investir um pouco a cada mês, assim que nasce seu bebê, ao longo da vida ele teria reservas para custear estudos e, mais adiante, dinheiro para usufruir quando parar de trabalhar”, diz.
O especialista conta que esse planejamento nem sempre acontecesse e que, com o aumento da expectativa de vida do brasileiro, pensar em aposentadoria o quanto antes é regra que deve ser seguida à risca. “O bom é aproveitar a juventude para guardar o máximo possível de dinheiro. Aos 20 anos, por exemplo, ainda moramos na casa dos pais, não temos filhos e podemos sim trabalhar e reservar a maior parte do que se ganha para aproveitar no futuro.”
“Aos 30 anos, mesmo com investimentos na carreira e nos estudos, ainda é mais fácil poupar. É um período onde se pode fazer bicos para ter uma renda extra e tentar viver com metade do que se ganha, destinando o restante para a aposentadoria”, afirma Sabóia.
No entanto, ele ressalta que na faixa dos 40 anos as coisas ficam mais complicadas (família, filhos, estudos, casa e carro para pagar, entre outras despesas) e obrigam a pessoa a destinar mais dinheiro mensal para ter uma aposentadoria confortável. Nesse momento da vida, guardar 13º salário, férias, trocar o carro por um mais barato e destinar, no mínimo, 10% da renda para a poupança são atitudes que ajudam a engordar o investimento na aposentadoria.
Velhice confortável
Sabóia diz que não há um modelo pronto a ser seguido, mas alerta para a importância de poupar o quanto antes. “A previdência privada é um investimento necessário e complementar ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). É ela que poderá garantir boa renda para o período em que o profissional não estará mais trabalhando”, ressalta. Dessa forma, a pessoa terá todos os benefícios garantidos pelo governo e a possibilidade de receber renda semelhante ao período em que estava na ativa.
O consultor explica que, quanto mais tarde começar a poupar, maior deverá ser a quantia investida na aposentadoria. “A pergunta que devemos nos fazer é: com quantos anos vou me aposentar e qual renda quero ter? E a partir daí correr atrás do quanto devemos dispor por mês para ter uma velhice confortável”. Nesse momento, diz ele, vale qualquer tipo de economia. “Seja criativo, faça sobrar dinheiro, viva com até 70% do que se ganha e direcione todas as sobras do orçamento para a aposentadoria”, orienta.