por Jorge Matos*
As características que compõem a personalidade dos indivíduos não servem apenas para nortear preferências, comportamentos ou profissões a seguir. É possível definir também o potencial de uma pessoa para a ascensão profissional e até mesmo o salário que pode receber.
O Ph.D em psicologia pela Universidade de Harvard William Moulton Marston definiu entre os anos 1920 e 1930 que todo ser humano é constituído por quatro fatores comportamentais: Dominância (indivíduos diretos e assertivos), Influência (indivíduos comunicativos e extrovertidos), Estabilidade (indivíduos organizados e estruturados) e Conformidade (indivíduos analistas e metódicos). A partir desta definição, a ETALENT desenvolveu a pesquisa “Talento Brasileiro”, que mapeou as características comportamentais dos brasileiros. Dentre os perfis analisados no País, os que aparecem com maior ascensão profissional e maiores salários são os dominantes.
Estas pessoas com perfil direto e agressivo são maioria nos níveis de alta gestão e ocupam mais frequentemente os cargos de diretoria e gerência. Grande parte dos Dominantes apresenta salários acima de R$ 12,4 mil por mês. Por outro lado, com o fator Estabilidade acontece exatamente o oposto. As pessoas com este perfil encontram-se com maior frequência nos níveis mais baixos da hierarquia organizacional, ocupando cargos técnicos e de níveis auxiliar e operacional.
Enquanto as pessoas com alta Dominância gostam de poder, de coisas materiais e se arriscam muito mais, as pessoas com alta Estabilidade tendem a valorizar mais a família, a segurança, os relacionamentos e dificilmente se arriscam. Por este motivo, determinados indivíduos, por mais qualificados que sejam, não conseguem se adaptar a determinados cargos ou funções, mesmo que o salário seja alto.
O desconhecimento dos aspectos comportamentais por parte das organizações e também pelas pessoas cria uma situação muito comum, na maioria das empresas, na qual aqueles que possuem um bom histórico de respostas técnicas são chamados para ocupar posições de gestão para as quais não estão preparados e não possuem o perfil comportamental indicado. Nove em cada dez empresas conhecem o ditado: Perdemos um excelente técnico e ganhamos um péssimo gestor.
Dependendo da função a ser ocupada, a desmotivação e a não compatibilidade ao perfil profissional do indivíduo podem influenciar negativamente no faturamento da empresa. Por este motivo, é fundamental que os setores de recursos humanos estejam atentos às características comportamentais dos candidatos e não somente às competências técnicas.
*presidente da ETALENT