por Fernando Porto
foto: arquivo pessoal
Aos 12 anos, o jovem pernambucano Heitor dos Santos estava empenhado em um projeto de ciências que ajudaria a educação do País e participou então de sua primeira feira escolar em Recife. Mais tarde, veio a grande oportunidade: participar de feiras de ciências maiores, onde os melhores trabalhos seriam escolhidos para outro evento nos Estados Unidos. Sua ideia – um projeto de metodologia de educação nutricional para as escolas brasileiras, que ele testou com sucesso em algumas instituições – foi bem avaliada nas feiras brasileiras estudantis e, então, conseguiu seu sonho de participar, aos 15 anos de idade, do International Science and Engineering Fair (Intel Isef).
Sua experiência foi tão marcante que Heitor voltou a expor no ano seguinte, 2011, e novamente foi mostrar seu projeto para educadores americanos. Veio então uma ideia diferente: por que não ajudar outros estudantes de ensino médio, jovens pesquisadores de grande potencial, a se prepararem para os eventos internacionais? Foi então que criou a Abric – Associação Brasileira de Incentivo à Ciência – uma entidade de voluntários a qual ele preside hoje.
Rede nacional de colaboradores
“Um dos grandes resultados obtidos com a Abric foi, sem dúvida, a criação de uma rede nacional de colaboradores. São ex-participantes de feiras de ciências, que desenvolvem workshops em escolas das suas regiões. Com isso, a Abric conseguiu fazer um programa de popularização da ciência que atingiu diversas regiões do Brasil”, conta o jovem pesquisador de 19 anos, que hoje estuda ciência, política e educação na Pensilvânia. “Somos convidados para muitas feiras de ciências e congressos científicos. Vejo isso como um reconhecimento do valor existente na difusão da educação científica”, acrescenta.
“A Intel é hoje parceira da Abric e , juntos, levamos a questão do fomento. É importante que os jovens conheçam histórias como essa”, explica Fernanda Sato, gerente de Educação da Intel Brasil. “O Intel Isef é a maior feira de ciências, tecnologia e inovação do mundo. A competição é uma ferramenta de melhoria educacional no campo da ciência”, acrescenta. A feira acontece anualmente e reúne em torno de 70 países, onde 1.800 jovens apresentam seus projetos para um público de 65 mil visitantes. A edição de 2014 aconteceu em maio passado, em Los Angeles, e a premiação foi de US$ 4 milhões em bolsas de estudos e prêmios.
Curiosidade para pesquisa
Segundo Fernanda, para se classificarem para a Isef, os estudantes – apenas de ensino médio – devem ser finalistas de uma das feiras de ciências parceiras da Intel no Brasil: Febrace (na USP, em março) e Mostratec (Novo Hamburgo-RS, em outubro). A fluência em inglês é bom, mas não é fundamental. “Os requisitos básicos são: talento nato e curiosidade para pesquisa. E procuramos, por meio de incentivo dessa curiosidade, que o jovem esteja imbuído a resolver problemas da sociedade atual.”
Para fortalecer feiras de ciências em escolas mais carentes de estrutura, a Intel criou recentemente, junto com a Febrace, o curso Apice. Ele é totalmente gratuito, de 30 horas na web, e ajuda a capacitar tanto professores como alunos em metodologia de pesquisas e também mostra como montar uma feira de ciências. “Temos tentado também disseminar a pesquisa no ensino básico porque essas crianças estarão muito mais preparadas não só no ensino médio como na faculdade. Você cria assim, desde criança, uma rotina de estudo mais prazerosa”, acrescentou a gerente da Intel.