Muito provavelmente você já deve ter escutado que, “na prática, a teoria é outra”. Isso quer dizer que nem sempre o que aprendemos em sala de aula pode ser aplicado integralmente na profissão. Para alinhar a prática e a teoria existem os programas de estágio. A seguir, veremos mais o que são e como funciona um estágio.
É preciso deixar claro que se trata de um processo importante na trajetória profissional de uma pessoa e para a própria empresa:
- em muitos casos, é a primeira oportunidade de um profissional entrar no mercado de trabalho;
- para as empresas é uma maneira mais assertiva de atrair e reter os melhores talentos.
Muitas organizações passaram a valorizar ainda mais esses programas. Elas perceberam que jovens profissionais chegam com vontade de aprender o que existe em sua área de atuação, tendem a estarem mais atualizados em relação a processos e/ou teorias e apresentam, em média, um espírito e ímpeto de inovação maiores.
Você se encaixa nesse perfil?
A seguir, confira mais informações sobre estágio!
Neste artigo você verá:
O que é um estágio e como funciona?
Como vimos logo no início deste texto, o estágio é um programa cujo objetivo é complementar e/ou aprimorar as competências, habilidades e conhecimentos adquiridos por meio de conteúdo teórico ou técnico em sala de aula a partir de práticas e atividades em uma empresa.
O estágio é a forma pela qual empresas ou organizações e instituições de ensino encontram para auxiliar um jovem profissional ou estudante a melhorar o que vem aprendendo por meio da vivência no dia a dia da profissão
As atividades que o estagiário(a) exercer têm de fazer sentido para aquilo que ele(a) está estudando. É preciso existir uma coerência com a grade curricular para que essa prática traga bons resultados.
Mas como exatamente ele funciona?
Segundo Paula Oliveira, especialista em recrutamento, seleção e desenvolvimento de carreira de jovens profissionais, todo programa desse tipo tem alguma carga de treinamento comum a todos os estagiários.
Empresas muito grandes costumam ter um programa de estágio mais bem estruturado, que pode até oferecer job rotation (você pode trabalhar em várias áreas da organização).
“No entanto, 90% dos programas são mão na massa e os estagiários começam a atuar já na sua área de interesse”, afirma ela.
Pensando em ajudar as empresas, instituições de ensino e estudantes, a aprimorarem a experiência do estágio, em 2008, foi promulgada a Lei 11.788/08 ou Lei do Estágio.
O objetivo da lei era justamente dar um norte para contratação de estagiários e determinar como o programa de estágio deve funcionar.
Assim, com a lei:
- as atividades devem ter alinhamento com a grade curricular do curso do estudante;
- qualquer empresa ou organização, seja pública ou privada, pode oferecer vagas ou oportunidades de estágio;
- a instituição de ensino deverá ter um professor orientador para auxiliar e acompanhar os estudantes durante seus estágios;
- da mesma maneira, a empresa deve ter um profissional (que seja funcionário dela) para supervisionar o desenvolvimento do estagiário(a) e elaborar relatórios, sendo que:
- um funcionário não pode ter mais de 10 estagiários para supervisionar;
- o número de estagiários não pode ser mais do que 20% total de funcionários.
O que você pode esperar deste início de carreira?
Quando um estagiário chega à empresa, normalmente ele é apresentado ao profissional que fará a supervisão. Paula explica que
“A Lei de Estágio pede que um profissional com a mesma formação do estagiário faça essa supervisão e assine toda a papelada”
Essa pessoa, formalmente, será a sua referência dentro da empresa.
Tipos de programa de estágio
Você sabia que existem dois tipos de estágio? Sim, o obrigatório e o não obrigatório.
Como assim?
Veja a seguir a diferença entre os dois.
Obrigatório
O estágio obrigatório faz parte da grade ou do projeto pedagógico da instituição de ensino.
Alguns cursos voltados para a área de saúde tendem a ter alguns estágios obrigatórios, como enfermagem, nutrição, psicologia etc. Bem como cursos que tenham uma carga de licenciatura como letras e pedagogia.
Para fazer esse estágio, o aluno escolhe a empresa ou organização de interesse e se oferece. Em alguns casos, quem faz esse meio de campo é a própria instituição de ensino.
Não obrigatório
Aqui, fica a critério do aluno fazer ou não. O estágio não obrigatório tende a ser melhor remunerado, levando a mais concorrência com alunos de outras instituições.
Já é uma oportunidade para entender como é a vida corporativa nos processos de recrutamento e seleção de futuros estagiários de uma empresa, passando por testes comportamentais, dinâmicas e entrevistas.
Vamos falar mais sobre este tipo a seguir.
Como é um programa de estágio remunerado?
De forma geral, um programa de estágio remunerado é o de estágio não obrigatório. Porém, já se percebe que muitas empresas também estão oferecendo alguma remuneração para estágios obrigatórios — é um movimento que começa a crescer.
Assim, o estágio remunerado é aquele em que há uma remuneração (bolsa-estágio ou bolsa-auxílio) em troca do trabalho do estagiário na empresa ou organização. Também há o oferecimento de um auxílio-transporte.
Como dissemos, há muitas empresas que investem pesadamente em programas de estágio para atrair e reter desde cedo um talento. Nesses casos, tanto o processo de seleção quanto a remuneração são diferentes.
A seleção tende a ser mais rigorosa, geralmente tocada por uma empresa ou consultoria especializada. E a remuneração e pacote de benefícios tendem a ser melhores.
Além disso, o estagiário tem direito a tirar férias depois de um ano de estágio e a seguro contra acidentes. No entanto, é preciso deixar claro que o estágio não gera vínculo empregatício e não dá direito a 13º salário.
Em todo o tipo de estágio é preciso um Termo de Compromisso de Estágio (TCE). Trata-se de um documento assinado pela empresa/organização, instituição de ensino e aluno que formaliza o estágio.
Sem ele, nada feito, por mais que paguem uma boa remuneração.
Quais as vantagens em participar de um programa de estágio?
Entre as vantagens em participar de um programa de estágio podemos mencionar algumas como:
- contato com a realidade de mercado em relação à profissão escolhida (ou área);
- possibilidade de conhecer variantes ou opções de caminhos dentro da área; escolhida (por exemplo: a pessoa pode descobrir que prefere ser psicóloga e atender em consultório do que trabalhar em uma empresa, no RH);
- possibilidade de colocar em prática o que aprende;
- oportunidade de aprender com quem já tem experiência;
- oportunidade de ensinar coisas novas para quem já tem experiência;
- ambiente e oportunidade para criar e fortalecer relações com profissionais do mercado (leia-se networkings);
É muito comum que um estagiário chegue à empresa ansioso para mostrar tudo o que sabe. Paula alerta, porém, que não é isso o que a empresa costuma esperar dele. “A empresa não busca um estagiário que saiba tudo”, afirma. “Pelo contrário, ela quer alguém curioso e disposto a aprender.”
Por isso, demonstrar proatividade, boa vontade e interesse é a melhor estratégia durante o programa de estágio. Nenhum estagiário precisa ter vergonha de perguntar o que não sabe. Afinal, ele realmente está ali para aprender.
Animado? E o que você precisa saber para fazer um estágio? Veja a seguir!
O que é necessário para fazer um estágio?
Para fazer um estágio, o primeiro item necessário é estar estudando.
Além disso, outros requisitos são:
- boa frequência na instituição de ensino;
- ter uma boa base de conhecimento — lembre-se que a empresa vai buscar entender o que você sabe;
- estar matriculado em instituição credenciada no MEC;
- não ter pendências com a faculdade;
- ter mais do que 16 anos;
Durante o estágio, não espere que todas as tarefas estejam estruturadas e nem que alguém vá dizer sempre o que você tem de fazer. As pessoas muitas vezes estão sobrecarregadas e não vão parar para fazer isso. Paula, a especialista em carreira, fala sobre a questão:
“Você precisa procurar o que fazer e se oferecer para ajudar, propondo melhorias e facilitando o trabalho dos outros”
Qual a carga horária permitida em um programa de estágio?
Em média, a carga horária de um programa de estágio fica entre 4 a 6 horas por dia. Vamos detalhar:
- 4 horas por dia (20 horas semanais) para estágios que contemplem estudantes de educação especial e alunos dos anos finais do ensino fundamental do programa Educação de Jovens e Adultos (EJA) na modalidade profissional;
- 6 horas por dia (30 horas semanais) para os casos de estudantes do ensino médio, do ensino médio técnico ou profissionalizante, e para alunos de graduação também;
- 40 horas semanais para os casos de estágios obrigatórios que constem do projeto pedagógico ou da grade curricular.
Atenção para alguns detalhes importantes:
- essas horas ou cargas semanais devem ser cumpridas em horários que não sejam de escola ou de aula. Elas não podem coincidir com os horários das aulas;
- e quando for período de provas ou de avaliações finais, o estagiário tem direito a ter uma redução dessa carga horária.
Isso ajuda muito para se preparar para os exames, certo?
Quanto tempo dura o contrato de estágio?
Um contrato de estágio pode durar até dois anos, caso o estagiário o faça em uma única empresa ou organização.
Sim, se você pensou em férias, ao término do primeiro ano é possível tirar esse descanso. Mas de preferência que ele coincida com as férias escolares.
No caso de PCDs, esse prazo de contrato de estágio pode ser maior, sem problemas.
Em geral, as empresas realizam contratos por seis meses ou um ano, podendo renová-los.
Há a possibilidade de encerrar o contrato de trabalho a qualquer momento. Como não há vínculo empregatício, essa decisão não terá consequências como multas e não requer de justificativa.
Dicas para obter o máximo do seu estágio
Para você obter o máximo de seu estágio é importante sempre ter em mente quais são a natureza e objetivo de um programa de estágio.
Isso mesmo: a ideia é oferecer uma oportunidade de aprendizado, de melhoria daquilo que você aprende em sala de aula, de como colocar toda a técnica e teoria que você vem aprendendo na prática.
Por isso:
- não perca a chance de aprender coisas novas;
- de testar o que aprendeu;
- de perguntar quando não sabe;
- de ensinar quando puder;
- de criar e manter relacionamentos com outros profissionais;
- de mostrar seu potencial e talento;
- de aprender as chamadas soft skills;
- e de não ter medo de errar.
Além disso, a especialista em recrutamento e seleção, também destacou algumas dicas extras, veja:
Peça feedback
Peça feedbacks ao seu supervisor sempre que possível e da forma mais específica possível. “Não pergunte apenas se está legal”, alerta Paula.
“Pergunte se é aquilo que ele esperava e se você pode melhorar de alguma forma”, recomenda. É importante fazer perguntas focadas para obter respostas que possam direcionar seu desenvolvimento.
Encontre o seu lugar
Outra situação também muito comum na vida do estagiário é ser supervisionado por alguém que nunca fez essa tarefa antes. Se você for o primeiro estagiário de um profissional, tenha paciência com ele porque vocês dois terão de aprender o que fazer e descobrir o seu lugar juntos.
Crie vínculos
Por fim, a dica de Paula para o final do estágio é nunca fechar portas. Mesmo que não haja uma vaga no momento para você ser efetivado, o mundo corporativo dá muitas voltas e, se você deixar uma marca positiva, possivelmente será lembrado quando alguém pedir uma indicação.
Um programa de estágio vai além de completar uma parte da grade curricular ou ser uma fonte de grana para bancar a mensalidade do curso — ou parte dela. O estágio é a grande chance que o mercado corporativo oferece, em parceria com uma instituição de ensino, para que muitos tenham o primeiro contato com a profissão, para que tenham suas primeiras experiências profissionais.
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