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Inventores precisam ser também empreendedores

Jovens por trás de startups brasileiras fazem bonito no exterior

por Fernando Porto

Lá vai o Brasil, novamente, para tentar mais um título em competição internacional. Não, não estamos falando da tão sonhada Copa do Mundo que acontece no País, mas é bem mais importante porque envolve educação e empreendedorismo – molas propulsoras do desenvolvimento econômico. A vitória foi celebrada pelos criadores da plataforma de troca de tempo Bliive, que venceram o Desafio Intel 2014 – uma competição que estimula o empreendedorismo, impulsionando a criação de projetos de negócios tecnológicos entre jovens universitários.

Ao vencer a etapa brasileira, a startup se credenciou como uma das representantes da América Latina no YouNoodle Camp, um programa de “aceleração de negócios” que acontece em julho no Vale do Silício, nos EUA, sendo escolhida por uma bancada de juízes especialistas nos mercados de venture capital e tecnologia. Zeh Fernandes, co-criador da startup, disse ter ficado surpreso com o resultado.

“O nível dos participantes era muito alto. O interessante de ganhar um prêmio como o Desafio Intel é ter a certeza que algo está sendo feito certo para merecer o reconhecimento. Nossa expectativa para o YouNoodle Camp é validar e testar o Bliive em diferentes cenários e com pessoas com uma vivência totalmente diferente”, avaliou.

A Bliive é uma rede social de troca de tempo, criada por quatro brasileiros. Seu objetivo é usar talentos para criar uma economia colaborativa e incentivar usuários a compartilhar experiências com seus amigos e comunidades. Oferecer, por exemplo, uma aula de culinária em troca de uma aula de língua estrangeira. A rede foi lançada em 2013 e hoje tem cerca de 30 mil usuários.

O futuro mais próximo
Fica a indagação: Que resultados são obtidos pela startup vencedora do Desafio, após um ano de participação? O estudante de engenharia mecânica da Unicamp, Thierry Marcondes, de 26 anos, que é deficiente auditivo, venceu a competição no ano passado com o Lux Sensor  – um sensor de alta sensibilidade para detectar combustível adulterado, criado em 2012 junto com os colegas Wellington Souza, William Humberto Souza e Welder Ribeiro.

Mesmo com a limitação de comunicação, ele nos contou por e-mail o que mudou em sua vida: “Depois do Desafio Intel 2013, percebi o objetivo verdadeiro do Vale do Silício, que é a realização de testes do produto ao máximo para aproximá-lo do mercado. Então, mudamos o produto e, com energia e embalo, o instalamos em um potencial cliente. Depois, fui fazer um estágio e tentar expandir o mercado no México, onde a Intel ajudou abrindo algumas portas e também no Vale do Silício, onde conheci um mentor que dá excelentes conselhos.”

Vale do Silício
Marcondes completa: “Com todo esse avanço, conseguimos passar no SEED, um programa do governo de Minas Gerais que dá apoio e suporte a startups. Recebemos R$ 80 mil, sendo R$ 44 mil de reembolso e R$36 mil de bolsa, para o desenvolvimento da startup. Estamos focados em avançar em seu desenvolvimento, porque percebemos que é assim que atraímos investidores. Um deles, inclusive, que conheci no Vale do Silício graças ao programa da Intel, me escreveu perguntando como está o avanço da startup, porque ele está de olho”, comemora.

“O Thierry tem mudado sua carreira e focado totalmente em seu projeto. O grande objetivo do desafio é prepará-lo não só para ter um futuro como empregado em uma multinacional mas também de poder gerar trabalho – este o maior objetivo educacional”, explica a gerente de Educação da Intel Brasil, Fernanda Sato.