por Lígia Crispino*
O início de um novo ano marca o momento de reflexão sobre o que fizemos e o que deixamos de fazer no anterior. É comum que uma das resoluções de milhares de pessoas seja aprender inglês. Se você está entre essas pessoas, possivelmente esteja se perguntando “por que ainda não sou fluente?” ou “por que comecei e parei vários cursos?”. Na minha opinião, há três problemas que levam a este cenário.
Neste artigo você verá:
Principais obstáculos para aprender inglês
1. Não ter planejamento e foco
Falta de planejamento e de foco de estabelecer prioridades, ou seja, de executar o planejamento desenhado é um dos obstáculos para aprender inglês. Muitas pessoas sabem exatamente o que precisam fazer, mas não fazem. Abaixo, coloquei um exemplo básico de divisão do tempo, pois quero mostrar como podemos nos sabotar, usando nosso tempo livre de forma muito improdutiva.
Como trabalhamos muito e temos desafios diários, justificamos coerentemente a razão de priorizarmos apenas as coisas de que gostamos mais em nossa agenda. Uma semana tem 168 horas. Em linhas gerais, dividimos o tempo desta forma:
- Sono: 7 horas por noite (49 horas);
- Trabalho: 10 horas por dia, já considerando horário do almoço (50 horas);
- Deslocamento: 3 horas para se deslocar entre casa e trabalho (15 horas).
Sobram 54 horas por semana, para serem divididas entre lazer, ócio, família, amigos, saúde, hobbies, viagens e estudo. Como você está equilibrando esta sua balança? Está dedicando tempo demais para o trabalho e pouco para o sono? Muito para o lazer e hobbies e quase nada para o estudo?
Muitas pessoas gastam muitas horas se deslocando, só que também é possível utilizar esse tempo para realizar uma ou mais dessas atividades. Reflita! Um bom planejamento passa, primeiramente, pela consciência de que a justificativa de falta de tempo não cola! Ela é apenas uma desculpa para você ficar bem consigo mesmo por não ter feito o que precisava.
2. Falta de perseverança
As pessoas desistem muito rápido quando percebem que aprender inglês demanda tempo. Não é um aprendizado que acontece da noite para o dia. O fato é que o processo de aprendizagem de um idioma passa por quatro estágios:
- 1º Estágio: Incompetência Inconsciente. Não sabemos o que não sabemos. Quando uma pessoa que só teve contato com o estudo de inglês no colégio. Ela não tem a real dimensão do que é o idioma. Além disso, não usa e nem consegue entender.
- 2º Estágio: Incompetência Consciente. Sabemos o que não sabemos. Reconhecemos nossa deficiência e o quanto ainda temos pela frente para nos tornarmos fluentes. Neste estágio, é possível se sentir sobrecarregado com as dificuldades a serem enfrentadas. Cometer muitos erros antes de conseguir fazer o certo é normal e importante no processo de aprendizado, apesar de ser um pouco frustrante. Um número muito elevado de pessoas desiste neste estágio.
- 3º Estágio: Competência Consciente. Experimentamos e praticamos o idioma. Sabemos usá-lo muito bem, mas ainda precisamos pensar isso. É mais fácil que o estágio anterior, pois passa a ser menos desconfortável. Já conseguimos falar o idioma, mas de forma lenta e com bastante concentração para não errar. Ainda pensamos em português, mas é menos frustrante, podendo até ser divertido, pois já vemos resultados positivos.
- 4º Estágio: Competência Inconsciente. Se continuamos a estudar e praticar a língua, chegaremos ao estágio de automação. Falamos inglês, sem precisar pensar em português. As estruturas gramaticais e vocabulário estão consolidados. Chegamos neste estágio com muita prática. Em 1895, Herman Ebbinghaus publicou um pesquisa incrível em que estudou o nível de retenção de conteúdo X tempo. Ele queria identificar a velocidade na qual a memória funciona se nada é feito para reforçar o conteúdo visto. Em 20 minutos, 42% do conteúdo novo é esquecido. Em 24 horas, 67% do que foi ensinado é esquecido. Um mês depois, a retenção é de apenas 21% ou menos.
Podemos concluir que a curva de aprendizagem não é linear. Nosso cérebro não é um balde ou um armário vazio no qual vamos jogando conteúdos. Na verdade, o que acontece é que as informações vão sendo processadas e conectadas às outras já armazenadas. Quanto mais estudamos, mais conexões são feitas, e maior será o conhecimento.
3. Não entender os tipos de curso
Há milhares de escolas, professores particulares e recursos para estudar inglês. A grande questão é avaliar se a metodologia será adequada ao seu estilo de aprendizagem. O que avaliar ao escolher o melhor fornecedor para você. Vá preparado com perguntas para o coordenador pedagógico ou para o professor particular:
- Qual é o programa total de vocês?
- Qual é a duração das aulas?
- Quantos alunos no máximo por turma?
- As salas são multi-nível, ou seja, a escola coloca em uma mesma turma alunos de níveis diferentes de proficiência?
- Qual material será usado no curso? É próprio, customizado para o aluno ou de editoras?
- Que recursos extraclasse vocês oferecem?
- Como é a metodologia da escola e como vocês corrigem os erros dos alunos em aula?
- E se eu não estiver acompanhando o grupo, o que acontece? Vocês dão suporte?
Falar inglês faz diferença na sua carreira. Pense nisso e se prepare para colocar essa ideia em prática no próximo ano.
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*Lígia Crispino é fundadora e sócia-diretora da Companhia de Idiomas e do ProfCerto.